Entre Uma Respiração e Outra
À beira dos ossos
tudo é quase —
quase gesto, quase voz,
quase lembrança que se esquece sozinha.
Entre uma respiração e outra,
mora um intervalo que ninguém vê:
um lugar suspenso
onde o corpo silencia
e a alma escuta.
Ali,
sou só sopro antigo,
vaga ideia de mim
desenhada na poeira do instante.
Não há palavras.
Só o rumor do que seria
caso eu não voltasse.
É nesse fio de ar,
nesse quase-nada que respiro,
que descubro
o que me sustenta.
E não é músculo.
Nem certeza.
É só o mistério
de continuar sendo
sem saber como.
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