entre parênteses
ninguém mais bate à porta.
só notificações.
o mundo virou um lugar
onde a presença se mede por status online.
minha solidão
não é romântica,
não tem vinho,
nem chuva na janela.
é seca,
com luz de LED e micro-ondas,
com eco no pensamento
e ausência até no espelho.
me acostumei com a antítese modorrenta
de estar cercado e só —
abraços virtuais,
silêncios que digitam “...” e depois somem.
às vezes falo alto
pra ter certeza de que existo,
mas a casa não responde,
só respira, indiferente.
solidão assim nem dói direito.
é só uma espera morna,
uma presença ausente
que senta comigo no sofá
e muda de canal sem avisar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário