Explosão Antiga
a vontade
de chorar
já era velha,
morava quieta
no canto dos dias.
dormia
entre os dentes,
se escondia nos olhos,
fingia ser esquecimento.
mas um
dia,
sem mais disfarces,
ela explodiu.
não em
soluços pequenos,
não em lágrimas tímidas,
mas em rios —
fortes,
impossíveis,
indomáveis.
o peito
desaguou,
a alma transbordou,
o mundo inteiro ficou molhado.
e foi
nesse dilúvio íntimo
que descobri:
algumas dores não morrem,
elas esperam o momento
de virar água
e finalmente
partir.
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