terça-feira, 6 de maio de 2025

E HOUVE O CHORO

 

E Houve o Choro

e houve o choro,
sem aviso,
sem piedade,
sem explicação.

um nó na garganta
que já era velho
cansou de ser nó
e virou rio.

não era bonito,
não era feio —
era só urgente.

o corpo sabia,
antes da razão,
que havia algo a lavar.

e eu deixei.
deixei a enxurrada romper,
deixei a voz falhar,
deixei o rosto se perder.

porque às vezes o que salva
não é ser forte,
é ser água.

e naquele instante,
eu fui água,
eu fui choro,
eu fui inteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário