𝘰 𝘢𝘨𝘰𝘳𝘢 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘳𝘳𝘦
escrevi sobre o agora.
foi tudo de sopetão,
como se o texto me atravessasse
mais do que eu o escrevesse.
assim que a última palavra caiu,
alguém me chamou.
e eu fui.
deixei as palavras ali, soltas,
sem carinho nem backup.
não houve adeus,
só pressa.
quando voltei,
o computador dormia —
e com ele,
meu agora.
não chorei.
não culpei a máquina.
fui eu quem virei as costas.
fui eu quem largou
o instante quente
ainda pulsando.
e agora —
tento refazer o que era vivo.
mas o agora
não aceita reencenação.
o agora de antes
já é memória.
o agora de agora
é outro bicho,
outra respiração.
digito, apago.
uma frase tenta voltar,
mas veio manca.
a ideia que resgato
não tem mais casa.
claro.
era sobre o agora.
e o agora…
já foi.
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