segunda-feira, 5 de maio de 2025

TUDO SE GUARDA

 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘴𝘦 𝘨𝘶𝘢𝘳𝘥𝘢

acaba sendo meio impossível
não dar aquela abraçada gostosa
na memória morna do que foi.
não é saudade que rasga,
é daquelas que sorri sem som
enquanto o dia segue.

às vezes paro e penso
que sinto falta de quase nada,
mas não por frieza —
é só porque sei
que vai estar tudo ali
quando eu voltar.

a cadeira na varanda,
o portão com um trinco difícil,
a risada atravessando a cozinha,
a xícara lascada no canto do armário,
e até o silêncio de quem já entendeu tudo
sem dizer uma palavra.

e é por isso que sigo.
porque não preciso segurar com força
o que não escapa.
tem coisa que não se perde,
mesmo com o tempo,
mesmo com o mundo rodando.

tem coisa que se guarda sozinha.

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