O Relógio do Céu
Hoje, o
tempo se abriu como um livro vivo —
as horas não correm, flutuam em espirais.
As ruas da cidade tremem em ouro líquido
e há sinos invisíveis tocando nos quintais.
Não
devemos desejar o que foi pó,
nem o eco do riso em um corredor antigo.
O passado é um rio que já cumpriu seu curso,
e não responde mais ao nosso abrigo.
Na praça
suspensa entre céu e chão,
um anjo varre folhas de calendários velhos.
"Não chores o que não foi feito", ele diz,
"teu tempo é agora — veste teus espelhos."
Visão no
presente — no instante que respira,
na chama azul que dança sobre a mão.
O chamado arde em letras invisíveis
em cada pedra, em cada estação.
Responsabilidade
não é peso, é asas,
é mapa guardado no peito em oração.
Viver pra Cristo é atravessar portais
e acender tochas em cada coração.
As almas
não se contam como números,
mas como estrelas que aprendem a cantar.
Ajuntar galardão é tocar os céus
com gestos simples, com o dom de amar.
Servir é
acenar ao Reino escondido
por trás da esquina do cotidiano,
é agradecer o dia encantado
em que Deus sussurra no sopro urbano.
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