Odisseia Silenciosa (Parte III)
Pisei onde o chão não existe,
onde cada passo é uma prece
ou um engano —
mas ambos servem ao mesmo mestre.
Ali, vi nascer o espelho negro:
não refletia rostos,
mas intenções.
E nenhuma delas era pura.
Oh, quão vasto é o ser humano,
quando se dissolve…
e deixa para trás o nome que herdou,
a face que nunca escolheu.
O cosmos me mostrou um segredo:
não és feito de carne e medo,
mas de histórias que te contam —
e que podes esquecer.
Senti o peso do tempo
em forma de olhos invisíveis,
me observando de dentro.
Pois às vezes, o vigia és tu.
E quando gritei por respostas,
recebi silêncio.
Não como punição,
mas como revelação:
Há perguntas que não se respondem —
vivem contigo como sombra.
E quanto mais luz houver em ti,
mais nítida ela se tornará.
Aconselho-te, caminhante:
não apresses tua queda,
mas não fujas do abismo.
Pois é lá que a asa adormecida desperta.
E lembra:
nem toda luz guia.
Algumas apenas cegam.
Escolhe o escuro certo.
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