problema meu
eu sei.
isso é um problema meu,
inteiramente meu.
fui eu que li mapas onde você só rabiscou distraída,
fui eu que dei nome a ruas que não levavam a lugar nenhum.
então,
antes que o refrão recomece,
antes que a ponte musical me iluda de novo,
eu prefiro fugir no final da canção —
mesmo querendo ficar.
não por
orgulho,
não por drama,
mas porque aprendi a não insistir em danças
onde só eu conheço os passos.
meu adeus
vai ser baixo,
como quem sai de fininho
de uma festa onde ninguém notou que chegou.
e tudo
bem.
no repeat
da memória
vou lembrar mais do que foi bonito
do que do silêncio entre uma estrofe e outra.
porque,
no fundo,
algumas canções são feitas pra tocar só uma vez.
e isso não tira delas a beleza
— só a ilusão de que durariam pra sempre.
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