terça-feira, 6 de maio de 2025

DE LONGE

 de longe

mesmo querendo te abraçar no final
e comemorar o teu sucesso
como quem torceu em silêncio desde o começo,
eu fico quieto.
parado no canto da plateia,
boca cheia de aplauso contido,
coração meio descompassado.

não é inveja,
nem amargura.
é só que
eu não me sinto parte.

não da festa,
nem da conquista,
nem do caminho até aqui.
parece que criei um enredo onde
minha cena foi cortada na edição final.

e tudo bem.
às vezes a gente ama de fora mesmo.
de longe.
com os olhos.
com uma prece baixa.

porque estar feliz por você
não apaga a ausência que ficou em mim.
mas acalma.

e talvez isso seja o que restou
— e talvez
seja o suficiente por hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário