Tinta Invisível
Existir é um rascunho sem
fim,
linhas traçadas no vazio.
A caneta do tempo, sem
tinta,
deixa marcas imateriais
no papel translúcido do
ser.
Esboços de sorrisos,
traços de lágrimas,
um mapa que se refaz
a cada batida do coração.
Não há borracha para
apagar
os contornos incertos,
nem régua para endireitar
a curva de um erro.
Apenas a continuidade do
traço,
desenhando formas mutáveis,
que se desfazem no ar
assim que são percebidas.
O preenchimento, uma
miragem,
um pigmento que nunca
adere.
Vivemos entre a certeza
do traço e a promessa
de um sentido que se
esvai.
Somos a arte e o artista,
a busca e a tela,
sempre inacabados,
flutuando em nossa própria
criação.
"O grito que se dissolve internamente, acumula peso."