Vestígios Silenciosos
As palavras, pesadas ou leves,
moldam o ar que respiramos.
Ferem com a mesma agudeza
com que curam, se ditas a tempo.
Cada fonema, um vestígio,
de um pensamento que se fez ponte,
ou um abismo, entre o eu e o mundo.
No emaranhado de sentidos,
a verdade se dobra, se esconde,
um jogo de espelhos e ecos.
E a memória, um tecido frágil,
bordada com os fios da linguagem.
O que se diz, o que se cala,
redefine o ontem, refaz o presente.
Cenas embaçadas, vozes distantes,
reanimadas por um termo, um gesto.
Um léxico particular,
gravado nas entranhas do ser,
onde cada palavra é um relicário.
O tempo, implacável artesão,
esculpe as frases no vazio.
Apaga algumas, ressalta outras,
dando-lhes novos contornos.
O que foi dito, para sempre flutua,
no espaço entre o antes e o agora.
E o peso das palavras,
revelado na ausência,
no silêncio que se estende,
muito além de qualquer som.
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