O Duplo Fio
O ar que respiro,
este mesmo espaço que me envolve,
carrega em si
duas almas, dois segredos.
Uma é a face que mostro,
a pele polida, o riso leve,
o eco das palavras que escolho,
um jardim bem cuidado.
A outra, invisível,
corre nas veias do silêncio,
um rio subterrâneo de anseios,
de gritos contidos,
de desejos que nunca florescem.
Ambas vivem aqui,
respiram o mesmo fôlego,
enquanto o mundo vê apenas
o que a superfície permite.
E nessa dança sutil,
o disfarce da paz,
esconde a tempestade.
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