A Visita do Rei Invisível - Capítulo VI
Na dobra
da noite, quando o tempo se desfazia em névoa,
as estrelas silenciaram, e até os anjos pararam o voo.
Na porta que nunca havia sido notada,
alguém bateu — com o som do próprio coração do mundo.
A madeira
não gemeu.
O vento não se mexeu.
Mas a alma que habitava ali
soube: Ele chegou.
Então,
sem forma que os olhos pudessem conter,
Cristo se revelou —
vestido de luz trêmula e ternura antiga.
E sua voz não era som,
era revelação.
**“Eis
que estou à porta e bato.
Não à de tua casa, mas à de teu ser.
Se me
ouvires — não com os ouvidos do corpo,
mas com a sede da alma —
abrirei os céus dentro de ti.
Entrarei,
não como hóspede,
mas como o Dono que esperou tua permissão.
E
cearemos —
com o pão da eternidade,
com o vinho que não envelhece,
à mesa que nenhuma sombra alcança.
Pois
aquele que me recebe,
se torna templo do invisível,
espelho do Reino.”**
E ao
dizer isso, a presença se fez vento,
e o vento se fez fogo,
e o fogo, descanso.
O lugar estava vazio —
mas tudo dentro dela estava cheio
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