ainda tô aqui
não me engoli inteiro
nem virei a máquina
que esperavam.
não fui eficiente todos os dias,
nem feliz com consistência.
mas —
ainda tô aqui.
com as rachaduras,
com os atrasos,
com a fé oscilando no vermelho.
ainda tô aqui
mesmo quando a voz falha,
quando a esperança escapa por baixo da porta
feito corrente de ar.
às vezes sumo de mim,
mas volto.
mais lento, mais tonto,
mais verdadeiro também.
porque estar
é um ato de resistência.
e eu, do meu jeito
desajeitado,
continuo.
não conquistei o mundo,
não venci todas as dúvidas.
mas sigo com as mãos abertas,
esperando que a vida
ainda me reconheça como casa.
ainda tô aqui —
e isso
já é poesia.
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