domingo, 4 de maio de 2025

AINDA TÔ AQUI

 ainda tô aqui

não me engoli inteiro
nem virei a máquina
que esperavam.

não fui eficiente todos os dias,
nem feliz com consistência.
mas —
ainda tô aqui.

com as rachaduras,
com os atrasos,
com a fé oscilando no vermelho.

ainda tô aqui
mesmo quando a voz falha,
quando a esperança escapa por baixo da porta
feito corrente de ar.

às vezes sumo de mim,
mas volto.
mais lento, mais tonto,
mais verdadeiro também.

porque estar
é um ato de resistência.
e eu, do meu jeito
desajeitado,
continuo.

não conquistei o mundo,
não venci todas as dúvidas.
mas sigo com as mãos abertas,
esperando que a vida
ainda me reconheça como casa.

ainda tô aqui —
e isso
já é poesia.

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