As Galinhas no Quintal
No meu quintal
as galinhas teimavam
em pastar a grama bem cuidada.
Não sabiam das regras,
nem do esforço que é manter
o verde aparado,
a ordem dos canteiros,
o capricho invisível das manhãs.
Elas apenas bicavam —
livres,
descabeladas,
em sua própria lógica
de procurar o mundo com o bico.
E havia algo nisso
que me espantava e encantava:
a maneira como ignoravam
o que eu chamava de controle,
e insistiam em viver
sem roteiro.
Naquela desordem alada,
com seus passos descompromissados,
me ensinavam algo
sobre o cuidado que se dissolve,
sobre o belo que não precisa de moldura,
sobre a liberdade de não entender.
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