Horizontes Fechados — Parte II
O Espelho Velado
Havia vento,
mas ele não levava.
Havia luz,
mas ela não aquecia.
E no chão, nenhum rastro além do seu.
Sentou-se diante do horizonte fechado,
como quem escuta uma porta por dentro.
Não pediu mais.
Não gritou.
Fez do próprio corpo um abrigo,
e da ausência, um idioma novo.
Ali, entre não-passos e não-respostas,
algo cedeu —
não fora, mas dentro.
Como se o que buscava não estivesse à frente,
mas atrás do olhar.
Como se o horizonte,
tão fechado,
fosse apenas o reflexo do que ainda temia abrir.
E então, pela primeira vez,
não quis ir.
Quis permanecer.
Quis ver se a chave não era ele mesmo.
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