Horizontes Fechados — Parte IV
Olhos Não Sabidos
Começou a ver
com os olhos que não sabia usar.
Não os da carne —
mas os que nascem
quando tudo o que é visível
falha.
Olhos feitos de escuta,
de entrega,
de não querer entender.
Com eles, o mundo não era mais forma,
mas sopro.
Não era caminho,
mas presença.
E as coisas que antes pareciam inertes —
pedras, sombras, silêncios —
revelaram-se cheias de intenção contida.
Como se tudo estivesse esperando
que ele visse diferente,
e não mais… como antes.
Percebeu que o horizonte nunca fechara.
Ele apenas esperava o olhar certo,
o que não força,
o que não exige,
o que apenas… reconhece.
E com esses olhos,
viu que havia portas por toda parte.
Algumas feitas de vento.
Outras, de memória.
E uma — a mais sutil —
feita do próprio tempo em que ficou.
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