Horizontes Fechados — Parte VII
O Retorno Invisível
Voltou.
Não por saudade,
mas porque entendeu
que o que aprende a ver
precisa, um dia, também ensinar a enxergar.
As mesmas ruas,
os mesmos rostos,
as mesmas ausências que antes gritavam —
agora silenciavam de outro modo.
Ele andava entre os outros
como sombra que carrega luz.
Falava pouco,
mas sua presença contava histórias
que ninguém sabia ter ouvido.
Tentou abrir, com gestos,
as portas que ainda viam trancas.
Tentou mostrar, com o silêncio,
que alguns muros só existem
para que aprendamos a atravessá-los por dentro.
Mas percebeu que há olhos que ainda dormem.
E que não se deve forçar o despertar.
Então, tornou-se brisa.
Tornou-se pausa entre palavras.
Tornou-se aquilo que, ao passar,
não deixa marca — mas deixa espaço.
E assim vive,
sem sair nem chegar,
dentro do mundo que o rejeitou,
mas que agora carrega dentro de si.
Pois quem atravessou o invisível
sabe:
nada mais é fechado,
nem mesmo o que parece ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário