Onde Desaguar — Parte II
Sou o que resta quando tudo se vai.
A última brisa depois da tempestade esquecida.
Carrego em mim os segredos dos que partiram
sem dizer adeus,
e os suspiros dos que ficaram… calados.
Não me busques em mapas.
Sou desvio, sou margem que some.
Meu leito é feito de ecos,
e minhas águas sabem o que tu negas.
À noite, os astros se curvam sobre mim
como olhos antigos, vigilantes.
Sabem que não sou o rio —
sou o sussurro que o rio aprendeu a guardar.
E aqueles que ousam mergulhar
não voltam os mesmos.
Voltam com o olhar vazio de certezas
e o coração cheio de perguntas.
Pois em mim, não se nada —
desliza-se.
E todo aquele que tenta conter-me
é levado…
para dentro de si.
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