quando tudo afasta
não é a ausência que leva embora,
é a clareza que chega com o tempo quieto.
quando os dias se alongam
e ninguém chama,
quando a agenda se esvazia
e ninguém aparece,
algo se ajeita por dentro.
não some,
só muda de tom.
e aquilo que parecia distante
cresce em nitidez,
feito estrela que só se nota
quando a cidade dorme.
não é o sumiço que apaga,
é o silêncio que traduz.
e aí percebo:
algumas ligações não quebram,
só se reinventam no eco.
ficam em mim
feito mapa que só se lê
quando o mundo desacelera.
talvez eu tenha sido parte de algo maior
do que imaginei,
e só percebi
agora —
com tudo em pausa,
e o coração
acordado.
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