sábado, 29 de maio de 2010

BOA TARDE

 

Boa Tarde

a tarde chega sem pedir licença,
meio caminho entre o cansaço e o recomeço.
é quando o tempo convida à pausa,
mas o mundo ainda exige presença.

entre uma respiração e outra,
há espaço para um novo olhar,
para entender que nem tudo precisa ser pressa,
e que a vida também mora na demora.

confia:
até o sol se inclina devagar,
e a luz que sobra no fim da sala
ainda pode aquecer.

boa tarde,
mesmo que o dia esteja incerto.
boa tarde,
porque ainda há tempo de florescer.

BOM DIA

 

Bom Dia

nos dias mais duros,
quando o mundo pesa nos ombros
como se o céu tivesse esquecido de ser azul,
é aí que a alma escuta.

não é o silêncio que ensina —
é a resistência em meio ao barulho,
a fé que nasce entre os cacos,
o passo que insiste, mesmo sem chão.

acredita:
o tempo não esquece de curar,
e o sol, mesmo tímido,
sempre volta pela fresta.

bom dia,
mesmo que o coração ainda não tenha acordado.
bom dia,
porque seguir é um ato de coragem.

sábado, 22 de maio de 2010

Se Tiver, Eu Prefiro

 

Se Tiver, Eu Prefiro

 

Um abraço apertado, sem pressa,
O sol se espreguiçando entre as árvores,
A risada de uma criança brincando.

FRAGMENTOS DE UM AMANHÃ

 

Fragmentos de um Amanhã

No horizonte, a luz se despedaça,
pinceladas de esperança no céu,
cada raio é uma promessa,
um convite para recomeçar.

Os pássaros cantam sinfonias de liberdade,
desafiando a gravidade dos medos,
enquanto o vento leva consigo
os ecos do passado que já não servem.

Caminho por ruas ainda adormecidas,
onde os sonhos se misturam à neblina,
cada passo é um ato de coragem,
uma declaração de que vale a pena existir.

As flores brotam entre as fendas do concreto,
insistentes em colorir a dureza da vida,
e eu me pergunto:
o que será de nós amanhã?

Fragmentos de um futuro incerto,
mas repletos de possibilidades,
onde cada escolha é um tijolo na construção
de um mundo que ainda está por vir.

E assim sigo, entre esperanças e dúvidas,
abraçando o agora com gratidão,
pois mesmo nos fragmentos mais pequenos*,
há a beleza do que está por vir.

*((Eu sei que "mais pequenos" deveria ser substituído por "menores") rsrs)

UMA ORQUÍDEA

 UMA ORQUÍDEA

Nos braços da árvore, um abraço sutil,
Orquídeas dançam, em amarelo febril.
Oncidium radiante, estrela a brilhar,
Na floresta verde, vem nos encantar.

Com pétalas de sol, em festa a vibrar,
Sussurros de vida no ar a flutuar.
Texturas que falam, a casca a contar,
Histórias de tempo, de amor a brotar.

Luz natural que acaricia o ser,
Em cada florzinha, um mundo a renascer.
Natureza em harmonia, esplendor sem fim,
Um poema vivo que pulsa em mim.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

domingo, 14 de março de 2010

A NOVA CALIGRAFIA

 

A Nova Caligrafia

 

Eu vinha escrevendo um livro, página por página,

Com um roteiro já meio desenhado,

Uma trama previsível, cores desbotadas.

O destino, pensei, era uma linha reta,

Sem curvas, sem reviravoltas.

 

Até que você chegou.

E com seu sorriso, um furacão delicado,

Rasgou as páginas antigas,

Embaralhou as letras, jogou tinta fresca no papel.

Não foi com força bruta, mas com a leveza

De quem sabe exatamente onde tocar.

 

Você redesenhou o meu mapa.

O norte que eu conhecia, mudou de lugar.

As paisagens que eu esperava, sumiram,

Dando espaço a montanhas e rios que eu nunca sonhei.

Cada traço seu, uma nova direção,

Um caminho que eu não ousei imaginar.

 

Eu era uma estrada antiga, já batida,

E você me transformou em um labirinto de descobertas,

Com atalhos inesperados e vistas de tirar o fôlego.

Não foi uma correção, foi uma revolução.

Você não me indicou outro rumo,

Você se tornou o novo rumo.

 

Agora, meu destino é uma obra-prima em progresso,

Com cores vibrantes e um enredo que me surpreende a cada dia.

Você não só mudou o final da história,

Você mudou a caligrafia da minha alma,

Fazendo cada palavra, cada momento,

Ser escrito com uma beleza que só você pôde me mostrar.

Você redesenhou o meu destino,

E eu sou grato por cada nova linha.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O HORIZONTE SE DOBROU

 

O Horizonte se Dobrou

 

Eu vivia num mapa de impossíveis,

Cada "não" era um limite traçado a ferro.

Sonhos guardados em caixas empoeiradas,

Porque o mundo dizia: "Não há como."

O azul do céu era só uma pintura,

Intocável, inatingível.

 

Até que você surgiu.

E não veio com chaves ou com fórmulas mágicas,

Mas com um olhar que desconstruiu a lógica.

De repente, a gravidade parecia bobagem,

As barreiras, meras linhas no chão.

 

Você trouxe um vento de outras paragens,

Soprando a poeira dos meus "nunca".

Aquele futuro que era só quimera,

Se fez presente, palpável, real.

O que era "impossível" virou um convite,

Um "vamos lá, a gente tenta e consegue."

 

Era como se o horizonte se dobrasse ao seu passo,

E as estrelas descessem para nos guiar.

Você não fez o milagre, você era o milagre,

Transformando o inalcançável em caminho.

O antes-era-não virou um sim vibrante,

O antes-era-sonho, agora é nossa história.

 

Com você, o mundo se abriu em possibilidades,

E o impossível deixou de ser palavra,

Para virar a realidade que a gente vive.

Uma prova de que a luz certa

Pode redesenhar qualquer destino.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O MEU AVESSO SUAVE

O Meu Avesso Suave

 

Eu sou uma distorção gentil de mim mesmo.

Não o que fui, nem o que serei em linhas retas,

mas a curva inesperada,

o reflexo que a água turva me devolve.

 

Não há ruptura violenta,

nem o peso de uma máscara.

Apenas um desvio suave,

uma lente que me reconfigura

com carinho.

 

Sou o estranho familiar,

o conhecido com um novo tom,

o eco da minha voz que agora

canta uma melodia diferente.

 

E nessa alteridade de mim,

há uma verdade mais profunda.

Porque a gentileza da distorção

permite que eu me veja

sem o rigor do original,

e me aceite, leve,

no que me tornei.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

O QUE NÃO ACONTECEU

 

O Que Não Aconteceu

 

Não, não houve o choro.

Os olhos ficaram secos,

a garganta apertada

com as lágrimas que não desceram.

A dor, aprisionada,

virou um nó cego no peito,

uma pedra pesando

em cada respiração.

 

Não, não houve o abismo.

A terra não se abriu

sob os pés cansados.

Fiquei à beira, num limbo raso,

onde a queda era promessa e não realidade,

e a certeza do fundo nunca chegou.

Sem o mergulho, não há subida.

 

Não, não houve o silêncio.

O barulho interno nunca cessou.

Mil vozes competiam,

pensamentos em loop incessante,

um zumbido constante na alma.

Não houve a pausa, a quietude

necessária para ouvir o próprio eco,

para reorganizar o caos.

 

E assim, não houve a cura.

Não um milagre, nem a paciência do tempo.

As feridas ficaram abertas,

sufocadas sob as lágrimas não vertidas,

no limbo sem abismo,

no ruído sem fim.

O peso de tudo o que não foi liberado

tornou-se o meu próprio fardo,

a sombra do que poderia ter sido

se a travessia tivesse acontecido.