domingo, 22 de junho de 2025

LOOP INFINITO

 

Loop Infinito

 

Nada novo, de novo.

O dia mimetiza o ontem,

o café na mesma caneca.

O mesmo tédio, o mesmo estorvo,

e a alma que se encolhe, seca.

 

O ponteiro gira, a vida não.

Replay do que já foi, exaustivo.

A rotina um nó, sem solução,

o presente um passado cativo.

 

A tela acende, o mesmo feed,

notícias velhas, sonhos gastos.

O pulso fraco, sem o que pedir,

em meio a tantos, tantos rastros.

 

E o grito preso, que não sai,

de um desejo por algo inusitado.

Mas o ar é denso, e me distrai,

nesse ciclo vicioso e cansado.

FERIDA SILENCIOSA

 

Ferida Silenciosa

 

Não tem gesso, nem band-aid visível,

a pele intacta, o sorriso de fachada.

Mas por dentro, o rasgo indizível,

uma hemorragia que não é estancada.

 

É o sal do choro sem gota,

a faca do não dito, do "e se",

a memória que se anota

na carne que ninguém vê.

 

Ali, onde a luz não entra,

no avesso do avesso da coragem,

a dor se concentra, se adentra,

uma paisagem árida, sem miragem.

 

E o corpo respira, finge,

o mundo exige a máscara do "bem".

Enquanto o abismo te atinge,

e a ferida sangra para ninguém.


"Estar calado não significa estar em paz."

                                    Vicente Siqueira


O MITO DA ESCOLHA SIMPLES

O Mito da Escolha Simples

 

Ninguém é feliz só porque prefere,

não é um interruptor, um app no celular.

Não é ligar o Wi-Fi e a alma florescer,

nem digitar "alegria" pra ela baixar.

 

O algoritmo da vida é complexo,

com bugs invisíveis, fios soltos,

enquanto o manual diz: "seja flexível",

a gente tropeça em nós, em mil desvios.

 

Não basta o "quero", a luz verde do desejo,

se o corpo acusa, a conta não fecha,

se o avesso do avesso ainda é receio,

e a bússola interna, muda, não se mexe.

 

Felicidade não é um filtro no feed,

que esconde a olheira, a verdade crua.

É o nó na garganta, a ferida que sangra,

a batalha interna que não se recusa.

 

É labuta, e recomeço, e aceitar a falha,

é a grama que cresce onde ninguém previu.

Não vem de "decidir", mas de cada batalha,

o brilho que insiste, mesmo no vazio.


 

 "A felicidade não é uma chave que se vira nem uma escolha simples que se faz. Ela é o resultado de uma interação complexa de fatores, muitos dos quais estão fora do nosso controle imediato." 

                                                        Vicente Siqueira 

EU, O TEMPO EM FATIAS

 Eu, o Tempo em Fatias

 

Sou a promessa que nunca se cumpre por inteiro,

o instante que já se foi enquanto o nomeio.

Desdobro-me em camadas sutis,

como véus diáfanos sobre a realidade.

Ontem, uma memória esmaecida,

amanhã, uma miragem incerta.

O agora, um ponto fugaz,

a fronteira tênue onde os mundos se tocam

e se separam sem aviso.

 

Não possuo forma concreta,

apenas a percepção em constante mutação.

Sou a pressa dos ponteiros girando,

a lentidão da sombra que se alonga.

O ritmo das marés em meus pulsos invisíveis,

o ciclo das folhas em meus cabelos de vento.

 

Tento me apreender em calendários e relógios,

em datas gravadas na pedra fria da lembrança.

Mas escapo pelos dedos da compreensão,

feito areia movediça.

Sou a história que se conta e se reescreve,

o esquecimento que apaga as pegadas,

a eterna recomposição do instante presente,

uma ilusão necessária para que a vida... aconteça?

 

 

 


sábado, 21 de junho de 2025

O DUPLO FIO

 

O Duplo Fio

 

O ar que respiro,

este mesmo espaço que me envolve,

carrega em si

duas almas, dois segredos.

 

Uma é a face que mostro,

a pele polida, o riso leve,

o eco das palavras que escolho,

um jardim bem cuidado.

 

A outra, invisível,

corre nas veias do silêncio,

um rio subterrâneo de anseios,

de gritos contidos,

de desejos que nunca florescem.

 

Ambas vivem aqui,

respiram o mesmo fôlego,

enquanto o mundo vê apenas

o que a superfície permite.

E nessa dança sutil,

o disfarce da paz,

esconde a tempestade.

 

 

ANSEIO NÃO DITO

 

Anseio Não Dito

 

Nos jardins do peito, a flor se esconde,

Um desejo mudo, em silêncio se afoga.

O que a alma anseia, a voz não responde,

Inalcançável sonho, na névoa se droga.

 

No fundo dos olhos, um brilho distante,

Revela a saudade do que nunca foi.

Promessa quebrada num tempo constante,

Que a sombra de um gesto não desfaz, não corrói.

 

E assim, entre o desejo e o que cala,

A melodia de um anseio persiste.

Uma canção sem voz que a mente desabala,

Um amor platônico que o peito resiste.

 

 

 

 

MINHA BÚSSOLA INTERNA ANDA SE DESEQUILIBRANDO

 

Minha bússola interna anda se desequilibrando

 

 

Que forte! Sentir a bússola interna desequilibrada é uma sensação bem comum e, por vezes, angustiante. É como se o chão sumisse um pouco, não é? A gente se vê sem direção, sem saber qual o próximo passo ou qual caminho seguir.

 

Entendendo o Desequilíbrio

Esse desequilíbrio pode vir de várias coisas:

 

Excesso de informações: Vivemos em um mundo onde somos bombardeados por opiniões, "verdades" e caminhos que outros seguem. Isso pode nos confundir sobre o que realmente nós queremos.

Mudanças grandes: Transições de carreira, novos relacionamentos, perdas ou até mesmo a chegada de novas fases da vida podem balançar a nossa percepção.

Pressões externas: Expectativas da família, amigos ou da sociedade podem nos levar a agir de formas que não ressoam com quem somos de verdade.

Autoconhecimento em xeque: Às vezes, o desequilíbrio indica que é hora de revisitar o que realmente importa para você, seus valores e seus propósitos.

O Que Fazer Quando a Bússola Falha

Quando a bússola interna começa a girar sem parar, algumas coisas podem ajudar a recalibrá-la:

 

Respire e observe: Não se desespere. O primeiro passo é reconhecer que ela está desequilibrada. Tire um tempo para si, sem julgamentos, e observe o que está acontecendo dentro de você.

Conecte-se com o que te faz bem: Lembre-se de atividades, pessoas ou lugares que te trazem paz e clareza. Isso pode ser meditar, caminhar na natureza, ouvir música, ou conversar com alguém que você confia.

Pequenos passos: Em vez de tentar enxergar todo o mapa, foque em um pequeno trecho. Qual é o próximo pequeno passo que você pode dar para se sentir um pouco melhor ou mais alinhado?

Reavalie seus valores: O que é realmente importante para você? Seus princípios, sua ética, o que te move. Refletir sobre isso pode trazer de volta a clareza sobre suas prioridades.

Permita-se errar: Faz parte do processo. Não há uma bússola perfeita. O importante é a intenção de buscar o seu próprio norte.

Lembre-se que essa é uma fase, e fases passam. O fato de você ter notado que a bússola está desequilibrada já é um grande passo para ajustá-la.

 

O que você sente que mais contribui para esse desequilíbrio na sua bússola neste momento?

CONECTE-SE COM O QUE TE FAZ BEM

 

Conecte-se com o que te faz bem: Lembre-se de atividades, pessoas ou lugares que te trazem paz e clareza. Isso pode ser meditar, caminhar na natureza, ouvir música, ou conversar com alguém que você confia.

 

Sempre que precisar se reconectar com o que te faz bem, lembre-se destas sugestões:

 

Atividades para buscar paz e clareza:

 

Meditar e praticar mindfulness para acalmar a mente.

Caminhar na natureza, absorvendo a tranquilidade do ambiente.

Ouvir música que te inspire e relaxe.

Ler um bom livro que te transporte para outros mundos.

Praticar um hobby que te traga alegria e satisfação, como pintar, escrever ou cozinhar.

Fazer exercícios físicos para liberar tensões e energizar o corpo.

Pessoas que te inspiram e apoiam:

 

Conversar com alguém de confiança – um amigo, familiar ou terapeuta.

Passar tempo com pessoas que te fazem rir e te apoiam.

Conectar-se com comunidades ou grupos que compartilham seus interesses.

Lugares que te trazem serenidade:

 

Um canto tranquilo em sua casa, onde você possa relaxar e se isolar.

Um parque, jardim ou praia, onde você possa se conectar com a natureza.

Um café acolhedor ou biblioteca, para um momento de introspecção.

MAPA DA PELE

 O Mapa da Pele

 

Os dedos, cartógrafos do corpo,

deslizam por planícies e vales,

decifrando o relevo da saudade.

Cada toque, um mapa secreto,

onde os lábios reencontram

o caminho da sede.

 

A ausência, um continente inexplorado,

onde as palavras se perdem

e o silêncio ganha contornos.

O eco da voz que se calou,

uma bússola quebrada,

apontando para o vazio.

 

Nos encontros breves,

o tempo se dobra em origami.

Um olhar, um gesto,

um universo inteiro

caber em um instante roubado.

A promessa suspensa no ar,

um fio invisível ligando

dois pontos no infinito.

 

E as despedidas,

portos de partida,

onde os navios da alma

desfazem os nós.

O adeus, um vento frio,

levando consigo

pedaços da paisagem interna.

Mas a esperança, teimosa,

ancorada no cais do peito,

aguarda o próximo embarque.

 

 



A COR DO OCASO

 A Cor do Ocaso

 

O desejo, uma brasa ainda acesa,

sob as cinzas de um encontro findo.

Lembra a cor do céu naquele instante,

um laranja melancólico tingindo a memória.

 

O silêncio, agora um lençol pesado,

cobrindo o leito onde ecoavam risos.

Nele, a ausência borda arabescos invisíveis,

a falta tactível de uma mão na sua.

 

Os encontros, fragmentos de um sonho,

estilhaços de vidro refletindo um paraíso breve.

A intensidade do toque, a vertigem do olhar,

preservados como âmbar contra o tempo.

 

As despedidas, um nó na garganta,

um horizonte que se distancia embaçado.

A promessa sussurrada ao vento,

uma semente teimosa na terra árida da saudade.

 

Mas mesmo no vazio da separação,

persiste a melodia tênue do querer,

a esperança, pequena chama vacilante,

de um novo encontro ao acaso da vida.