domingo, 19 de junho de 2016

TÃO LONGE DO MEU CORPO

  

Tão Longe do Meu Corpo

 

Meus dedos digitam palavras,

meu corpo respira o ar da sala,

mas a essência, o nó central,

há muito se desprendeu.

 

Ele viaja sem passaporte,

sem peso, sem limite,

até o ponto exato onde a tua voz

encontra o eco de um riso.

 

Sinto o cheiro da tua pele,

a textura do teu cabelo,

embora quilômetros de asfalto e mar

separem a mim de mim.

 

Este invólucro, deixado aqui,

é apenas um disfarce, uma casca.

Minha verdadeira forma,

aquela que anseia e lembra,

está em algum lugar contigo,

em um plano que os mapas

ainda não traçaram.

 

E nessa distância imensa,

onde o corpo é só um peso

e a alma é livre para voar,

eu existo inteira,

tão perto de ti,

tão longe de mim.

 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

AUTO-PRISÃO

 Auto-Prisão

 

E a auto-prisão, essa estranha liberdade

de me acorrentar sem grilhões visíveis.

Não há força externa, não há opressor,

apenas a mão invisível que me prende.

É um labirinto interno,

cujas paredes se erguem da minha própria dúvida.

 

Cada recusa, um tijolo;

cada medo, uma argamassa que endurece.

A saída, um ponto no horizonte

que se afasta à medida que me aproximo.

Sou o construtor da minha própria jaula,

o carcereiro que veste a pele do prisioneiro.

FOTOS DE BARRA DO PIRAÍ - EM JANEIRO DE 2016