quarta-feira, 9 de maio de 2018

A BÚSSOLA DA FÉ

 

       A Bússola da Fé

Haverá um dia, prenhe de um silêncio carregado, em que aqueles que percorrem os caminhos da existência alheios à presença divina sentirão o peso da ausência como um manto de chumbo. As lágrimas, antes represadas pela ilusão da autossuficiência, jorrarão como fontes amargas, inundando a alma com a percepção tardia de um vazio insondável. A luz se extinguirá para eles, e a escuridão, outrora ignorada, se fará morada constante, fria e opressora.

Naquele tempo sombrio, a melodia da vida se transformará em um coro de gemidos lancinantes. O riso emudecerá, substituído pelo eco doloroso da constatação. O ódio, cultivado nos recantos sombrios do espírito, e a dor, sua fiel companheira, romperão as barreiras do silêncio, propagando-se em ondas de aflição. A escuridão não será apenas a ausência de luz, mas a própria manifestação do sofrimento, um lugar onde a alma se debate em vão, prisioneira das consequências de um caminho percorrido sem a bússola da fé.

A ELE

 

A ele

Amigo, o fim se achega. Não como um trovão distante, mas um passo na areia.

E a velha palavra insiste: Jesus, 

ele vem. 

Não amanhã, 

nem depois da curva do tempo.

Agora. 

Este rasgar de presente. 

O tempo sangra urgência.


É hoje, amigo. 

A mão aberta, 

o gesto puro. 

Dar.

A Ele, 

silencioso na vastidão, 

a pupila da espera.

Teu coração. 

Essa matéria bruta, 

esse tremor de vida. 

A entrega. 

Sem laços, sem nós. 

Só o ser exposto.


O VENTO DOS FINS

                      

                    O Vento dos Fins


Amigo, sinto o vento dos fins se aproximando, como um sussurro na folhagem densa da tarde. O livro antigo, com suas páginas amareladas pelo tempo, ecoa uma promessa: Jesus virá. Não em um futuro distante, envolto em névoas de eras, mas agora, neste instante efêmero que nos veste. O tempo urge, amigo, pulsa em nossas veias como a melodia insistente de um chamado. É hoje o dia de desabrochar a flor mais íntima, aquela que reside no jardim secreto do peito. É hoje o momento de ofertar, sem reservas, o relicário frágil e precioso do teu coração a Ele, que na quietude da eternidade, espera. A espera não é ansiosa, mas compassiva, como a do jardineiro que aguarda o tempo certo para a colheita. Entrega, amigo, essa morada de sentimentos, com suas alegrias e sombras, suas canções e silêncios. Ele acolherá, com a ternura do sol que beija a terra, a singularidade da tua essência.