quarta-feira, 11 de março de 2020

À MARGEM DO TEMPO

 

À Margem do Tempo

(Explorando a ideia de felicidade adormecida na poeira do tempo e no não pertencimento)

 

Há uma casa no fim do agora, onde a poeira não se assenta de todo, apenas flutua, preguiçosa, nos feixes tênues de uma luz que não chega.

Foi lá que a felicidade dobrou seus lençóis de riso, arrumou a cama com cuidado, e se deitou para um sono sem pressa, sem despertador, sem sol na janela.

É um lugar de ninguém, sem nome no mapa dos sentimentos, sem placa indicando a direção. Um interstício entre o que foi e o que não é mais, uma terra de fronteira onde as pegadas não deixam rastro.

E ela dorme, embalada não pelo ritmo do coração que pulsa forte ou do passo que caminha firme, mas por uma cadência suave de não pertencimento. Um balanço lento, como um barco à deriva em águas calmas, sem porto de chegada, sem âncora para fincar.

A poeira do tempo a cobre como um véu, sutil, quase invisível. Ela respira devagar, um sopro que não move o ar estagnado. E lá fica a felicidade, adormecida, no silêncio particular do lugar de ninguém, esperando um chamado que talvez nunca venha, enquanto o ritmo do não pertencimento ecoa na vastidão vazia.




terça-feira, 10 de março de 2020

quinta-feira, 5 de março de 2020

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020