Portais de Neblina e
Memória
O orvalho da manhã, véu no
chão,
Desenha portais onde o
tempo se esvai.
Neblina que abraça, suave
ilusão,
Guarda segredos que a alma
retrai.
Em cada névoa, um sussurro
desfeito,
Um eco distante de um riso
que foi.
São mapas internos de um
peito,
Onde a lembrança jamais se
corrói.
Memória em espiral, dança
sem fim,
Flutua em fragmentos de um
ontem tão vasto.
Imagens que voltam, perto
de mim,
Num jogo de luz e um amor
que foi gasto.
A neblina dissolve, o sol
já se avista,
Mas os portais não se
fecham jamais.
E a cada suspiro, na curva
da pista,
Sinto a memória e seus
eternos cais.