sexta-feira, 22 de maio de 2009

LUZ ENTRE SOMBRAS

 

 


Luz entre Sombras

Na penumbra da vida,
onde os medos se escondem,
uma faísca brilha,
como um farol no escuro.

As sombras dançam,
jogando formas no chão,
mas a luz que emana
é um lembrete de que há sempre um caminho.

Nos sussurros da noite,
ouço o canto da esperança,
uma melodia suave que ecoa,
desafiando a escuridão.

Cada raio que atravessa a neblina
é um convite para olhar além,
para encontrar beleza nas fissuras,
onde o brilho se torna um abrigo.

Assim seguimos, entre altos e baixos,
navegando as incertezas do ser,
sabendo que mesmo nas horas mais densas,
a luz pode surgir onde menos se espera.

E quando o sol desponta no horizonte,
as sombras se dissipam em cores vivas,
nos lembrando que a vida é feita de contrastes,
e que a luz sempre encontrará seu lugar.

TEXTURAS QUE FALAM

 


Texturas que Falam

Na superfície do mundo,
cada textura é um relato,
a casca rugosa da árvore,
um diário de intempéries e tempo.

O liso do vidro reflete,
capturando momentos em movimento,
enquanto a pedra fria e áspera
carrega a memória das eras.

As folhas secas sob os pés,
um crepitar que conta histórias,
de verões quentes e chuvas de outono,
de ciclos que nunca se encerram.

E na suavidade do algodão,
o abraço de um lar acolhedor,
cada fibra entrelaçada com carinho,
um sussurro de amor em cada costura.

As texturas falam em silêncio,
com vozes que ecoam no coração,
nos convidando a tocar e sentir,
a mergulhar nas narrativas do ser.

Assim seguimos, explorando o mundo,
com as mãos abertas e os olhos atentos,
porque nas texturas que encontramos,
há sempre uma história à espera de ser ouvida.

Se Tiver, Eu Prefiro

 

Se Tiver, Eu Prefiro

Um café quentinho pela manhã,
Sorrisos compartilhados na esquina,
O cheiro de pão fresco saindo do forno.

Nessa esquina, a vida se desenrola...

 Nessa esquina, a vida se desenrola...

Um palco vibrante, cheio de rostos.
Um milhão de histórias fluem,
Cada uma única, cada uma pulsante,
Destinos entrelaçados no cotidiano,
Movimentos sutis de esperanças e sonhos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A MELODIA SILENCIOSA DA SAUDADE

 

A Melodia Silenciosa da Saudade

Eu me sento na janela,

o vapor da xícara de chá

desenhando formas no ar frio da manhã.

Lá fora, a cidade desperta sem pressa,

seus ruídos abafados

pela distância e pela névoa.

E em mim, uma melodia,

silenciosa e persistente,

começa a tocar.

 

Não é uma canção triste,

não exatamente.

É mais como o eco de passos em um corredor vazio,

a lembrança do calor de uma mão que já não sinto.

É a saudade,

com seus dedos invisíveis,

tocando as cordas da minha memória,

despertando rostos, risos,

palavras ditas em outros tempos.

 

Eu fecho os olhos

e as imagens vêm como flashes,

rápidas e nítidas.

Aquele dia na praia, o cheiro de sal.

A conversa de madrugada, a cumplicidade no olhar.

Pequenos fragmentos que se juntam,

formando um mosaico

do que foi e do que permanece,

mesmo na ausência.

 

A garganta aperta um pouco,

mas não há lágrimas.

É uma doçura amarga, essa saudade.

Ela me lembra da riqueza

do que já vivi,

das pessoas que cruzaram meu caminho

e deixaram suas marcas em mim.

É o presente que o passado me oferece,

um tesouro invisível

que guardo dentro do peito.

 

Eu abro os olhos novamente,

o chá agora morno.

O mundo lá fora continua seu ritmo,

indiferente à minha melodia interna.

Mas eu sei que ela está ali,

essa canção que só eu ouço,

e que, de alguma forma,

me faz sentir mais vivo,

mais humano,

mais conectado

à vastidão do que fui

e ao que ainda sou.

segunda-feira, 30 de março de 2009

MEMÓRIA DE PRIMEIROS VERSOS

 

Memória de Primeiros Versos

Uma lousa.
Dois sorrisos.
Três poemas na mesma folha.
Trocávamos papéis como quem entrega segredos.

Ela escrevia com perfume nas palavras.
Eu respondia com mãos suadas.
Tudo começava ali.

Agora, tudo parece longe,
mas a lembrança reaparece inteira
num segundo
em que ela me olha e desvia.

QUANDO TUDO COMEÇOU A PARTIR

 

Quando Tudo Começou a Partir

Foi um silêncio longo,
mas nenhum dos dois o nomeou.
Ela ficou ausente aos poucos.
Eu fui ficando inteiro demais — e pesado.

No último encontro do grupo,
ela não leu nada.
Eu li demais.

E ninguém entendeu.
Mas eu soube ali:
ela já havia partido.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MISTÉRIO DESVELADO

 

**Mistério Desvelado**

 

No coração da cidade onde os relógios dançam, 

entre sombras e luzes que sussurram segredos, 

uma porta antiga, coberta de poeira e histórias, 

aguardava o toque de mãos curiosas. 

 

As paredes, testemunhas silenciosas, 

guardavam ecos de risos e suspiros, 

e no canto, um quadro esquecido, 

pintado com cores que nunca vi, 

parecia pulsar como um coração vivo. 

 

Ao abrir a porta, um aroma de café fresco, 

misturado ao perfume das flores noturnas, 

preencheu o ar, como se o passado e o presente 

se entrelaçassem em um abraço apertado. 

 

E ali estavam eles: personagens de contos esquecidos, 

sussurrando mistérios em línguas antigas, 

cada olhar uma chave para portas ocultas, 

cada gesto uma pista no labirinto do tempo. 

 

Um velho contador de histórias, com olhos brilhantes, 

revelou segredos sobre as estrelas que caíram do céu; 

disse que cada estrela é um desejo não realizado, 

e cada desejo uma luz que guia os perdidos. 

 

No meio da sala, um espelho distorcido refletia faces, 

não apenas as minhas, mas rostos de outros mundos; 

um jogo de realidades se desenrolava diante dos meus olhos— 

um mistério sendo desvendado em camadas sutis. 

 

E assim eu caminhei por corredores de memórias, 

onde os fantasmas dançavam sob a luz da lua; 

cada riso ecoava como um chamado à aventura, 

e cada lágrima era uma verdade esperando para ser revelada. 

 

Finalmente, compreendi: o mistério não era apenas o que estava oculto, 

mas a beleza do desconhecido que nos molda; 

e ao desvendar cada camada da vida e do tempo, 

descobri que o verdadeiro enigma é viver plenamente. 

 


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

BÚSSOLA CAMBIANTE

 

Bússola Cambiante

 

O norte treme na pupila da alma,

um algoritmo incerto a recalcular a rota.

Os polos antes firmes, agora são palimpsestos,

apagando o caminho, a direção mais remota.

 

As antenas internas, antes tão precisas,

captam ondas de um tempo dissonante.

Vozes em eco, promessas imprecisas,

e o mapa da jornada, um instante hesitante.

 

No peito, o magnetismo falha, espasmos de metal,

atração por brilhos efêmeros, desvios do essencial.

A certeza, um espectro na neblina digital,

e eu, cativo da própria corrente, tão instável.

 

Não há mais a agulha convicta, o fio condutor,

apenas o girassol confuso, buscando um sol interior.

E nessa dança tonta, nesse estranho tremor,

talvez se revele um novo horizonte, um inédito amor.

 

Pois na falha da engrenagem, no curto-circuito da razão,

reside a chance de um novo arranjo, outra constelação.

De sentir o vento, sem a camisa de força da obrigação,

e encontrar, no desvio, a mais autêntica direção.

 

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

SOU COBAIA DA MINHA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA

 

Sou cobaia da minha própria experiência

 

O laboratório sou eu,

As pipetas, meus desejos.

Misturo doses de "talvez"

Com gotas de "e se?".

Agito tudo no cadinho da alma,

E observo a reação,

Sem manual, sem bula,

Apenas a intuição.

 

Às vezes, a explosão de cores,

O riso que preenche o ar.

Outras, o sedimento opaco,

A lágrima a escorrer, sem cessar.

Não há controle, nem grupo placebo,

Só o meu corpo, meu tempo,

Onde cada erro é lição,

E cada acerto, uma nova direção.

 

Navego em mares nunca dantes navegados,

Com bússola interna, nem sempre calibrada.

Desfaço rotas, refaço planos,

A vida me testando, eu me testando,

Nessa dança caótica e bela,

Onde a única certeza é a incerteza,

E o maior experimento,

É simplesmente, ser.