Camisa de Força da
Obrigação
Não te veste, mas te
prende.
Um tecido invisível, fio a
fio,
Tecido com os
"deverias", os "tens que",
Amarrando o corpo,
roubando o ar, o pio.
Sufoca o grito que quer
ser canção,
Apaga a cor que o desejo
pintou.
Cada nó, um
"não" à intenção,
À liberdade que um dia
sonhou.
É o peso do amanhã, o
temor do "se",
A sombra que se estende
sobre o agora.
E a alma, apertada, tenta
mover-se,
Prisioneira em sua própria
demora.
Mas sinto a fibra ceder,
frágil,
A cada "não" que
o coração permite.
Rasgando a trama, um gesto
ágil,
Buscando o espaço que a
vida me remite.