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segunda-feira, 26 de maio de 2025

O DESERTO QUE PERMANECE

 

O Deserto Que Permanece

Ainda sinto o deserto no peito,
não como lembrança,
mas como território.

Não passou.
Não virou paisagem antiga.

É chão que continuo pisando,
mesmo parado.

O ar seco entra lento,
queima por dentro
sem fazer fumaça.

Há um arder que não cessa,
não implora cura,
não aceita consolo.

É presença crua,
sem metáforas.

Como se algo tivesse sido arrancado
sem substituição.

Como se o corpo soubesse
que algo se perdeu
e não tentasse mais encontrar.

Apenas arde.

E no fundo,
sei que esse fogo silencioso
é o que me mantém em pé.