Imagens de Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro... Fotos de Barra do Piraí, RJ - e DOCES POESIAS importadas de quedocespoesias.blogspot.com - Vicente Siqueira
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
sexta-feira, 19 de junho de 2015
QUANDO TE SONHO, EXISTO
Quando Te Sonho, Existo
A escuridão da noite não é vazio,
mas um portal que se abre
para o reino do possível,
onde as regras do dia se desfazem.
É ali, no palco macio do sono,
que tua forma se materializa,
mais vívida que a luz da manhã,
mais real que a palma da minha mão.
Teu riso ecoa, teu toque se acende,
e a ausência que me consome desperto
se dissolve em um abraço perfeito.
Cada detalhe teu é gravado
na carne do meu sonho.
E por alguns instantes mágicos,
minha alma se encontra,
o coração bate no ritmo certo,
o ar que respiro tem um cheiro,
um sentido profundo.
Acordo, e o corpo volta a pesar,
o quarto é apenas um quarto.
Mas a verdade é que só existo,
plenamente, verdadeiramente,
naqueles breves e infinitos momentos
em que te sonho.
segunda-feira, 15 de junho de 2015
PORTA TRANCADA POR DENTRO
Porta Trancada Por
Dentro
E a porta trancada por dentro,
não é parede, é barreira.
Não há chave, não há
fresta,
apenas a mão que a segura,
a minha própria,
que não cede, não liberta.
É um ato de auto-prisão,
uma escolha sem nome,
que prende o passo, cala a
voz.
O lado de fora, um
sussurro distante,
o que poderia ser, um
sonho.
E o silêncio aqui dentro,
não é paz, é eco.
O eco das chances
perdidas,
dos caminhos não tomados.
A porta, um espelho turvo,
refletindo a mim mesmo,
o carcereiro, o
prisioneiro.
sábado, 13 de junho de 2015
O TEATRO EFÊMERO DA VIDA
O Teatro Efêmero da Vida
Eu
me sento, espectador silencioso,
no
grande palco do mundo.
As
luzes mudam com o passar das horas,
o
cenário, a cada estação.
E
os atores, nós mesmos,
entram
e saem de cena,
em
um balé constante de chegadas e partidas.
É
o teatro efêmero da vida.
Eu
observo os figurinos, as máscaras,
as
expressões que mudam a cada fala,
a
cada passo.
Há
o drama, a comédia, a tragédia,
tudo
misturado em um enredo sem ensaio prévio.
As
cortinas se abrem e se fecham,
e
a cada ato, uma nova versão de nós surge,
moldada
pelas experiências,
pelas
dores, pelos amores.
Há
cenas que eu gostaria de pausar,
de
reviver em câmera lenta:
o
riso que explodiu sem motivo,
o
abraço que me aqueceu a alma,
o
instante de revelação que mudou tudo.
E
há outras que eu gostaria de apagar,
de
reescrever,
mas
o script não permite.
A
vida segue seu curso imparável,
e
nós, apenas interpretamos nossos papéis.
Eu
sinto a fragilidade de tudo.
A
beleza que desabrocha e fenece,
a
voz que se cala,
o
olhar que se perde no horizonte.
Mas
também sinto a força da impermanência,
que
nos ensina a valorizar cada aplauso,
cada
silêncio,
cada
respiração no palco.
E
ao final do dia, quando as luzes diminuem,
e
o palco se prepara para a próxima performance,
eu
me levanto, talvez um pouco mais sábio,
um
pouco mais consciente
de
que sou parte dessa grande peça sem fim.
E
a cada amanhecer,
a
cortina se ergue novamente,
e
eu estou pronto para o meu próximo ato,
nesse
teatro efêmero e maravilhoso que é viver.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
O VOO QUE NÃO É VOO
A saudade, sorrateira.
Não a que se chora, mas a
que se finca.
Um andaime espetado em
plena avenida,
nas minhas veias,
nas minhas artérias
dilatadas.
Que estranha arquitetura é
essa que se constrói dentro de mim?
Sua voz, um eco que se
recusava a ser calado,
diria: "Volta."
Uma palavra. Um abismo.
Uma ordem que não se
ordena.
E a gente obedece. Por
que?
Sem perceber as
implicações.
A intenção do carinho,
essa armadilha sutil.
Que muda a gente, sem a
gente querer.
Que tece outra trama,
outro destino.
E de repente,
eu, o que fugia, o que se
esquivava,
percebi-me:
malas na mão,
naquele imenso saguão.
Um lugar de partidas e de
chegadas,
mas que para mim, era
apenas um limbo.
Aguardando a aeronave.
Que me aproximaria.
De você.
Mas de que forma?
Em qual tempo?
Essa aproximação, não é um
ir.
É um deixar-se levar, para
onde?
Para o assombro do que
virá?
Ou para a perplexidade do
que já se foi?
domingo, 24 de maio de 2015
DE QUEM JÁ PASSOU E DEIXOU MARCAS
De quem já passou e deixou marcas
Nem tudo vai
embora
quando parte.
Há presenças que ficam
na ausência.
Rastros sutis
que o tempo não apaga,
só acomoda.
De quem já passou,
ficou o cheiro em certas horas,
uma música que não toca igual,
o jeito de olhar o mundo
com um pouquinho mais de cuidado.
São marcas,
não feridas.
Sinais de que houve encontro,
de que algo em mim
foi tocado
pra nunca mais ser o mesmo.
E não quero
esquecer.
Não preciso arrancar lembranças
pra seguir.
Carrego-as comigo
como quem carrega cicatrizes bonitas —
daquelas que contam histórias
sem precisar doer de novo.
Algumas pessoas
partem,
mas antes disso
plantam coisas que nascem devagar
no chão secreto da alma.
E o que floresce
ali
nem sempre tem nome,
mas tem raiz.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
NO DEDO DO VENTO
No Dedo
do Vento
Abre a
noite, e o vento, mão invisível, acaricia a cortina fina. Ela dança, flutua,
fantasma branco no batente gasto da janela.
O frio
entra, traz a cidade que dorme, um gigante adormecido lá embaixo. Mas o vento
não dorme, ele sopra segredos nas coroas das árvores, fala em línguas antigas
que só a folha entende.
Cheiro de
terra úmida, lembrança de chuva que passou, ou talvez de outra chuva, muito
antes, em outro tempo, outra vida. Memórias soltas no ar, carregadas pelo sopro
errante.
Lá no
alto, as estrelas são pontos frios, ouro velho salpicado no veludo preto. Elas
olham, sem ver, sem sentir o murmúrio que tece a noite.
Aqui
dentro, a penumbra suave acolhe o silêncio. Guarda as palavras não ditas, as
perguntas sem resposta, e um punhado miúdo de esperança, esperando o amanhecer
no colo da escuridão.
O ALFABETO ESQUECIDO DO AFETO
O Alfabeto Esquecido do Afeto
( e o amor se comunicava em línguas antigas)
Não era o
"eu te amo" ruidoso dos filmes, nem as mensagens rápidas na palma da
mão. O amor deles tinha o passo lento dos séculos, a cadência das marés que
beijam a areia e recuam, deixando rastros de espuma e mistério.
Comunicavam-se
em hieróglifos da alma, desenhados no ar com o contorno dos dedos trêmulos, uma
gramática de olhares profundos que falavam mais que a voz. Usavam advérbios de
silêncio, conjugavam verbos no tempo dos suspiros contidos.
As
palavras, quando vinham, eram como pergaminhos amarelecidos, frases cunhadas em
um idioma que o mundo esqueceu. Um "fica" dito com a urgência branda
de quem sabe que a permanência é um milagre diário. Um "lembra-te"
que não pedia recordação, mas selava pactos além da memória.
Eles liam
o amor nos veios da madeira antiga, no pó que dançava nos raios de sol que
entravam pela fresta. O amor era uma runa gravada no tempo, incompreendida
pelos apressados, mas perfeitamente clara para os que ainda sentiam o eco das
línguas antigas, aquelas que o coração jamais permite que se percam de verdade.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
TENTANDO DECIFRAR O INVISÍVEL EM VOCÊ
Tentando Decifrar o Invisível em Você
Eu
te via em fragmentos, em gestos soltos,
Na
superfície clara do seu riso,
Na
melodia óbvia da sua voz.
Achava
que te conhecia, que a história
Era
só o que se mostrava, sem mistérios.
Mas
algo me puxava, um eco sutil,
Uma
certeza de que havia mais.
Então
tentei decifrar o invisível em você.
Não
o que seus olhos mostravam, mas o que guardavam.
Não
o que suas palavras diziam, mas o silêncio entre elas.
Busquei
as curvas da sua alma, os arabescos ocultos,
Aqueles
traços que só se revelam
Quando
o coração se permite aprofundar.
Fui
atrás do vento que te movia,
Das
raízes que te prendiam,
Das
estrelas que te guiavam em segredo.
Cada
silêncio seu era um enigma,
Cada
hesitação, uma porta a ser aberta.
Procurei
a cor dos seus sonhos não ditos,
O
peso das suas alegrias guardadas.
Não
foi fácil. O invisível é assim,
Resiste
à lógica, se esconde na luz.
Mas
cada fragmento descoberto,
Cada
nuance revelada no seu olhar,
Era
um tesouro, uma nova peça do seu quebra-cabeça.
E
percebi que a beleza maior em você,
Não
era o que podia ser visto, tocado ou falado,
Mas
aquilo que, mesmo sem forma,
Redesenhava
o meu mundo a cada descoberta.
O
invisível em você era a própria magia.
Outro
tema: a cor dos seus sonhos não ditos
A
Cor dos Seus Sonhos Não Ditos
Eu
te via no dia a dia, em tons reais,
A
paleta da rotina, clara e definida.
Conhecia
o azul do seu céu quando estava feliz,
O
cinza suave quando a tarde pesava.
Mas
havia algo além do visível,
Um
universo particular, um véu sutil.
Eram
os seus sonhos não ditos,
Pintados
em matizes que só você podia ver.
Não
era o vermelho da paixão declarada,
Nem
o verde da esperança que se mostra.
Mas
talvez um âmbar antigo de um desejo esquecido,
Ou
o violeta profundo de uma ambição secreta.
Eu
tentava imaginar essa paleta oculta,
A
cor daquele voo que você guardava,
O
brilho do ouro de uma vitória silenciada.
Seria
um tom pastel de uma memória infantil,
Ou
um azul elétrico de uma ideia que te acendia,
Mas
que nunca encontrava voz.
E
nesse esforço de te decifrar sem palavras,
Nesse
mergulho na nuance invisível do seu ser,
Percebi
a beleza da sua complexidade.
Pois
a cor dos seus sonhos não ditos
Era
a sua verdade mais pura, mais íntima,
Um
jardim secreto onde as flores floresciam em tons únicos,
E
onde eu, mesmo sem ver, aprendia a amar cada matiz.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
CONFUSAMENTE VERDADE
Confusamente Verdade
pode ser
confuso,
se for verdadeiramente confuso.
pode ser
quebrado,
se for a quebra que me atravessa.
não quero
mais enfeitar o caos
com fitas de mentira.
quero dizer
como é:
torto,
estranho,
feito labirinto de espelhos rachados.
às vezes
amo no escuro,
às vezes erro no claro,
às vezes paro sem saber onde doeu.
e tudo
bem.
se minha bússola gira sem norte,
é porque o mundo também gira,
e eu apenas danço —
atrapalhado, mas inteiro.
não me
exijo o mapa perfeito.
prefiro a trilha confusa
que ainda é minha.
prefiro o
tropeço honesto
à linha reta vazia.
prefiro
ser
verdade,
mesmo quando verdade
é só um tropeço bonito.