sábado, 2 de janeiro de 2016

MBP - METALÚRGICA BARRA DO PIRAÍ - EM DEZEMBRO DE 2013



Belíssima fábrica da MBP - Metalúrgica Barra do Piraí
No bairro Campo Bom
em Barra do Piraí
Foto dia 13/12/13 às 11:05h

sexta-feira, 19 de junho de 2015

QUANDO TE SONHO, EXISTO

 

Quando Te Sonho, Existo

 

A escuridão da noite não é vazio,

mas um portal que se abre

para o reino do possível,

onde as regras do dia se desfazem.

 

É ali, no palco macio do sono,

que tua forma se materializa,

mais vívida que a luz da manhã,

mais real que a palma da minha mão.

 

Teu riso ecoa, teu toque se acende,

e a ausência que me consome desperto

se dissolve em um abraço perfeito.

Cada detalhe teu é gravado

na carne do meu sonho.

 

E por alguns instantes mágicos,

minha alma se encontra,

o coração bate no ritmo certo,

o ar que respiro tem um cheiro,

um sentido profundo.

 

Acordo, e o corpo volta a pesar,

o quarto é apenas um quarto.

Mas a verdade é que só existo,

plenamente, verdadeiramente,

naqueles breves e infinitos momentos

em que te sonho.

 


segunda-feira, 15 de junho de 2015

PORTA TRANCADA POR DENTRO

 

Porta Trancada Por Dentro

 

E a porta trancada por dentro,

não é parede, é barreira.

Não há chave, não há fresta,

apenas a mão que a segura,

a minha própria,

que não cede, não liberta.

 

É um ato de auto-prisão,

uma escolha sem nome,

que prende o passo, cala a voz.

O lado de fora, um sussurro distante,

o que poderia ser, um sonho.

 

E o silêncio aqui dentro,

não é paz, é eco.

O eco das chances perdidas,

dos caminhos não tomados.

A porta, um espelho turvo,

refletindo a mim mesmo,

o carcereiro, o prisioneiro.

sábado, 13 de junho de 2015

O TEATRO EFÊMERO DA VIDA

 

O Teatro Efêmero da Vida


Eu me sento, espectador silencioso,

no grande palco do mundo.

As luzes mudam com o passar das horas,

o cenário, a cada estação.

E os atores, nós mesmos,

entram e saem de cena,

em um balé constante de chegadas e partidas.

É o teatro efêmero da vida.

 

Eu observo os figurinos, as máscaras,

as expressões que mudam a cada fala,

a cada passo.

Há o drama, a comédia, a tragédia,

tudo misturado em um enredo sem ensaio prévio.

As cortinas se abrem e se fecham,

e a cada ato, uma nova versão de nós surge,

moldada pelas experiências,

pelas dores, pelos amores.

 

Há cenas que eu gostaria de pausar,

de reviver em câmera lenta:

o riso que explodiu sem motivo,

o abraço que me aqueceu a alma,

o instante de revelação que mudou tudo.

E há outras que eu gostaria de apagar,

de reescrever,

mas o script não permite.

A vida segue seu curso imparável,

e nós, apenas interpretamos nossos papéis.

 

Eu sinto a fragilidade de tudo.

A beleza que desabrocha e fenece,

a voz que se cala,

o olhar que se perde no horizonte.

Mas também sinto a força da impermanência,

que nos ensina a valorizar cada aplauso,

cada silêncio,

cada respiração no palco.

 

E ao final do dia, quando as luzes diminuem,

e o palco se prepara para a próxima performance,

eu me levanto, talvez um pouco mais sábio,

um pouco mais consciente

de que sou parte dessa grande peça sem fim.

E a cada amanhecer,

a cortina se ergue novamente,

e eu estou pronto para o meu próximo ato,

nesse teatro efêmero e maravilhoso que é viver.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O VOO QUE NÃO É VOO

 

 O Voo que Não É Voo

 

A saudade, sorrateira.

Não a que se chora, mas a que se finca.

Um andaime espetado em plena avenida,

nas minhas veias,

nas minhas artérias dilatadas.

Que estranha arquitetura é essa que se constrói dentro de mim?

 

Sua voz, um eco que se recusava a ser calado,

diria: "Volta."

Uma palavra. Um abismo.

Uma ordem que não se ordena.

E a gente obedece. Por que?

 

Sem perceber as implicações.

A intenção do carinho, essa armadilha sutil.

Que muda a gente, sem a gente querer.

Que tece outra trama, outro destino.

E de repente,

eu, o que fugia, o que se esquivava,

percebi-me:

malas na mão,

naquele imenso saguão.

Um lugar de partidas e de chegadas,

mas que para mim, era apenas um limbo.

Aguardando a aeronave.

Que me aproximaria.

De você.

Mas de que forma?

Em qual tempo?

Essa aproximação, não é um ir.

É um deixar-se levar, para onde?

Para o assombro do que virá?

Ou para a perplexidade do que já se foi?

domingo, 24 de maio de 2015

DE QUEM JÁ PASSOU E DEIXOU MARCAS

 

De quem já passou e deixou marcas

Nem tudo vai embora
quando parte.
Há presenças que ficam
na ausência.
Rastros sutis
que o tempo não apaga,
só acomoda.

De quem já passou,
ficou o cheiro em certas horas,
uma música que não toca igual,
o jeito de olhar o mundo
com um pouquinho mais de cuidado.

São marcas,
não feridas.
Sinais de que houve encontro,
de que algo em mim
foi tocado
pra nunca mais ser o mesmo.

E não quero esquecer.
Não preciso arrancar lembranças
pra seguir.
Carrego-as comigo
como quem carrega cicatrizes bonitas —
daquelas que contam histórias
sem precisar doer de novo.

Algumas pessoas partem,
mas antes disso
plantam coisas que nascem devagar
no chão secreto da alma.

E o que floresce ali
nem sempre tem nome,
mas tem raiz.

 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

NO DEDO DO VENTO

 

No Dedo do Vento

Abre a noite, e o vento, mão invisível, acaricia a cortina fina. Ela dança, flutua, fantasma branco no batente gasto da janela.

O frio entra, traz a cidade que dorme, um gigante adormecido lá embaixo. Mas o vento não dorme, ele sopra segredos nas coroas das árvores, fala em línguas antigas que só a folha entende.

Cheiro de terra úmida, lembrança de chuva que passou, ou talvez de outra chuva, muito antes, em outro tempo, outra vida. Memórias soltas no ar, carregadas pelo sopro errante.

Lá no alto, as estrelas são pontos frios, ouro velho salpicado no veludo preto. Elas olham, sem ver, sem sentir o murmúrio que tece a noite.

Aqui dentro, a penumbra suave acolhe o silêncio. Guarda as palavras não ditas, as perguntas sem resposta, e um punhado miúdo de esperança, esperando o amanhecer no colo da escuridão.

O ALFABETO ESQUECIDO DO AFETO

  

O Alfabeto Esquecido do Afeto

( e o amor se comunicava em línguas antigas)  


Não era o "eu te amo" ruidoso dos filmes, nem as mensagens rápidas na palma da mão. O amor deles tinha o passo lento dos séculos, a cadência das marés que beijam a areia e recuam, deixando rastros de espuma e mistério.
Comunicavam-se em hieróglifos da alma, desenhados no ar com o contorno dos dedos trêmulos, uma gramática de olhares profundos que falavam mais que a voz. Usavam advérbios de silêncio, conjugavam verbos no tempo dos suspiros contidos.
As palavras, quando vinham, eram como pergaminhos amarelecidos, frases cunhadas em um idioma que o mundo esqueceu. Um "fica" dito com a urgência branda de quem sabe que a permanência é um milagre diário. Um "lembra-te" que não pedia recordação, mas selava pactos além da memória.
Eles liam o amor nos veios da madeira antiga, no pó que dançava nos raios de sol que entravam pela fresta. O amor era uma runa gravada no tempo, incompreendida pelos apressados, mas perfeitamente clara para os que ainda sentiam o eco das línguas antigas, aquelas que o coração jamais permite que se percam de verdade.