quarta-feira, 19 de junho de 2019

SOBREVIVER ÀS PERGUNTAS

 

Sobreviver às Perguntas

 

Não são só as respostas que pesam,

mas a avalanche de interrogações

que brotam da terra, do ar,

do silêncio mais profundo.

 

Elas chegam como maré cheia,

onda após onda,

cada uma trazendo seu grão de areia

de dúvida existencial.

 

Como respirar sob tanto "porquê"?

Como caminhar quando o chão

é feito de "e se"?

Não há abrigo, não há fim.

 

A luta não é para encontrar o porto,

mas para aprender a boiar

no oceano de "quem sou eu",

de "qual o sentido".

 

É um fôlego longo,

um músculo da alma que se estica

para não ceder ao abismo

aberto por cada nova questão.

 

E assim, entre um ponto e outro,

entre o abismo e o abismo,

eu aprendo a existir,

não apesar das perguntas,

mas por causa delas.

Sobreviver é a única resposta,

quando todas as outras

se recusam a chegar.

 


sábado, 15 de junho de 2019

Foto de Barra do Piraí - Praça Pedro Cunha - 14-01-2018 - Vicente Siqueira

 

Foto de Barra do Piraí -

Praça Pedro Cunha -  

14-01-2018 -

Vicente Siqueira

VIDA SENTIDA EM CARNE VIVA

 

Vida Sentida em Carne Viva

 

E a vida sentida em carne viva,

cada toque, uma pontada.

Não há escudo, não há pele grossa,

apenas a exposição crua da alma.

É como se os nervos estivessem à flor da pele,

captando cada vibração, cada sussurro do mundo.

 

O amor, quando surge, é um incêndio;

a dor, um abismo sem fim.

Não há meios-termos, não há tons pastéis,

apenas a explosão das cores mais intensas,

pintando a existência com traços fortes e violentos.

A sensação é tão real, tão presente,

que a respiração se torna um ato consciente,

uma luta para suportar o que se sente.

 

quinta-feira, 23 de maio de 2019

RUAS EM SILÊNCIO

 

Ruas em Silêncio

Quando a cidade dorme
as ruas se fazem silêncio
um silêncio que fala
em vozes mansas e pausadas

não há pressa nem barulho
apenas o sussurro do vazio
e o eco das lembranças
que ficaram no asfalto

essas ruas silenciosas
guardam os segredos do dia
os passos que não ouvimos
e os sonhos que ainda vêm

é no silêncio da rua
que encontro a paz oculta
a promessa de um novo
amanhecer

O EFÊMERO TEATRO DA VIDA

 

Efêmero Teatro da Vida


Eu me sento, espectador silencioso,

no grande palco do mundo.

As luzes mudam com o passar das horas,

o cenário, a cada estação.

E os atores, nós mesmos,

entram e saem de cena,

em um balé constante de chegadas e partidas.

É o teatro efêmero da vida.

 

Eu observo os figurinos, as máscaras,

as expressões que mudam a cada fala,

a cada passo.

Há o drama, a comédia, a tragédia,

tudo misturado em um enredo sem ensaio prévio.

As cortinas se abrem e se fecham,

e a cada ato, uma nova versão de nós surge,

moldada pelas experiências,

pelas dores, pelos amores.

 

Há cenas que eu gostaria de pausar,

de reviver em câmera lenta:

o riso que explodiu sem motivo,

o abraço que me aqueceu a alma,

o instante de revelação que mudou tudo.

E há outras que eu gostaria de apagar,

de reescrever,

mas o script não permite.

A vida segue seu curso imparável,

e nós, apenas interpretamos nossos papéis.

 

Eu sinto a fragilidade de tudo.

A beleza que desabrocha e fenece,

a voz que se cala,

o olhar que se perde no horizonte.

Mas também sinto a força da impermanência,

que nos ensina a valorizar cada aplauso,

cada silêncio,

cada respiração no palco.

 

E ao final do dia, quando as luzes diminuem,

e o palco se prepara para a próxima performance,

eu me levanto, talvez um pouco mais sábio,

um pouco mais consciente

de que sou parte dessa grande peça sem fim.

E a cada amanhecer,

a cortina se ergue novamente,

e eu estou pronto para o meu próximo ato,

nesse teatro efêmero e maravilhoso que é viver.