sexta-feira, 28 de junho de 2019

PÁGINA EM BRANCO

 

Página em Branco

 

Não escrevi nenhuma história.

Minha vida é um livro

de páginas lisas,

intocadas.

 

Nenhum enredo de aventura,

nem drama, nem riso alto.

As canetas secaram,

as palavras calaram

antes de virar tinta.

 

Sou o começo que não explodiu,

o meio que não teceu,

o fim que nem chegou a ser ponto.

Um rascunho de alma

sem linhas para preencher.

 

Mas talvez na ausência,

na tela vazia,

esteja a minha verdade.

A quietude de quem vive

sem precisar contar.

Onde a história é só o sopro,

o ar que se respira,

e se dissipa sem deixar vestígios.



 

terça-feira, 25 de junho de 2019

sexta-feira, 21 de junho de 2019

O ÍRIS REVELA

 

O Íris Revela

A pupila, um abismo breve,

onde a luz se dobra,

e um universo de anseios

tenta escapar.

 

Verdes que marejam,

ou talvez a cor do lago

onde a lua se espelha,

guardando segredos profundos.

 

As pálpebras quietas,

a moldura de um sentir intenso,

testemunhas mudas

de histórias não contadas.

 

E nas linhas sutis ao redor,

o mapa de emoções contidas,

a promessa de um desejo

que a boca não libera.

 

Nesse instante fixo,

o tempo se detém,

e o olhar entrega a verdade

que o silêncio teima em esconder.

 

 

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Foto de Barra do Piraí - Praça Pedro Cunha - 14-01-2018 - Vicente Siqueira

 

Foto de Barra do Piraí -

Praça Pedro Cunha -  

14-01-2018 -

Vicente Siqueira

LUZES NA PENUMBRA

 Luzes na Penumbra

no abraço da sombra
pequenas luzes tremulam
faróis tênues que guiam
caminhos incertos

elas não brilham alto
mas insistem em existir
revelando segredos
em meio ao silêncio

são esperanças frágeis
que se recusam a sumir
pequenos faróis
em vasto mar escuro

na penumbra encontro
a força da persistência
a certeza discreta
de que a luz nunca morre

quarta-feira, 19 de junho de 2019

SOBREVIVER ÀS PERGUNTAS

 

Sobreviver às Perguntas

 

Não são só as respostas que pesam,

mas a avalanche de interrogações

que brotam da terra, do ar,

do silêncio mais profundo.

 

Elas chegam como maré cheia,

onda após onda,

cada uma trazendo seu grão de areia

de dúvida existencial.

 

Como respirar sob tanto "porquê"?

Como caminhar quando o chão

é feito de "e se"?

Não há abrigo, não há fim.

 

A luta não é para encontrar o porto,

mas para aprender a boiar

no oceano de "quem sou eu",

de "qual o sentido".

 

É um fôlego longo,

um músculo da alma que se estica

para não ceder ao abismo

aberto por cada nova questão.

 

E assim, entre um ponto e outro,

entre o abismo e o abismo,

eu aprendo a existir,

não apesar das perguntas,

mas por causa delas.

Sobreviver é a única resposta,

quando todas as outras

se recusam a chegar.