A Eterna Sede do Viajante
Desde o orvalho na folha do campo até a fumaça densa nos bares da madrugada. Pelos becos estreitos onde a sombra se esconde, nas avenidas largas que engolem o horizonte. Nas praias onde a onda desfaz e refaz promessas.
Em todas as casas de paredes finas ou fortes, nas cavernas que guardam segredos primevos, nas palhoças frágeis erguidas contra o vento.
Por todo o tempo que foi, pelo tempo que é, e pelo tempo que virá, existirão, como sempre existiram, os seres.
Com a sede inextinguível nos olhos, com as mãos estendidas no vazio ou na pressa, com o coração batendo no ritmo de um anseio. Em busca de algo cujo nome escapa, uma verdade talvez, um refúgio, um sentido. Ou em busca de alguém, um olhar que compreenda, um toque que acalme, uma presença que preencha o espaço vasto da solidão.
Essa busca é a respiração secreta do mundo dentro de mim, o murmúrio constante sob o ruído dos dias. Ela atravessa paisagens e épocas, veste diferentes roupagens, mas a essência é a mesma: o ser eterno a procurar, a esperar, a estender-se rumo a algo ou alguém.