No Labirinto de Espelhos
No centro
do silêncio,
o tempo não corre.
Ele se quebra —
como vidro sob pressão invisível.
Espelhos
por toda parte,
não refletem o que fui,
mas o que poderia ter sido
em infinitas versões de mim.
Os
relógios,
pendurados no ar rarefeito,
não tiquetacam,
não avançam —
são testemunhas estáticas
de um agora que se alonga
como uma respiração contida.
Teus
olhos,
não janelas,
mas portais.
Mergulhei.
Não houve
som, nem resistência.
Apenas o cair —
leve e definitivo.
Ali,
sob o vidro líquido do teu olhar,
cresciam cidades invisíveis,
estradas feitas de intuição,
mares sem bússola
onde navegar era lembrar.
Nesse
mundo novo,
o amor
não era susto,
nem faísca,
mas gravidade.
Uma lei inevitável,
calma e total.
Perdi-me.
Ou talvez me desfiz
das margens.
E no azul
sem contorno,
soube:
pertencer
é deixar de procurar saída.