A Cadeira Vazia
o balanço
lento na varanda um ritmo fantasma no ar parado a marca tênue no chão de
madeira onde os pés costumavam pousar
o tricô
inacabado no colo agulhas inertes, fios suspensos a leitura interrompida na
página dobrada ao acaso
e nem
havia vento para mover as cortinas da sala apenas a quietude densa onde a voz
ecoava ausente
a
lembrança do riso um som distante, quase esquecido o calor do corpo ausente
moldando o vazio do assento
o olhar
vago perdido na paisagem buscando uma silhueta familiar a esperança teimosa de
um retorno improvável
e a
aceitação dolorosa de que alguns espaços guardam para sempre a forma da saudade
Agora usa
essa frase como tema: onde a voz ecoava ausente