quinta-feira, 1 de maio de 2025

PERDOAR A CRIANÇA INTERIOR




perdoei quem fui

olhei pra mim
aos sete anos,
com os joelhos ralados,
a testa quente,
e a culpa maior que o corpo.

ele achava
que tudo era por causa dele:
a briga,
o silêncio,
a ausência.

carregou culpas pequenas
como se fossem eternas.

e eu, adulto agora,
quase esquecido dele,
voltei.

não com respostas,
mas com colo.

segurei sua mão suada,
e disse:
“você não precisava ser perfeito.”

ele chorou.
eu também.

porque só agora entendi
que o perdão mais difícil
é aquele que a gente se nega
desde sempre.

e naquele abraço sem tempo,
perdoei quem fui.
deixei cair
o peso que nunca foi meu.

e pela primeira vez,
crescer
não doeu tanto.



Alguém disse:
Diálogo entre os dois. Em seguida o da criança falando ao adulto


1. Diálogo entre o adulto e a criança interior

(poesia em forma de conversa íntima — duas vozes, um mesmo corpo)

[criança]
por que você me esqueceu?
eu só queria brincar.
mas você cresceu tão sério,
me deixou num canto,
com medo de errar.

[adulto]
eu não quis te esquecer.
só precisei me proteger.
o mundo pediu que eu fosse forte
antes do tempo,
e eu achei que te calar
era maturidade.

[criança]
mas eu só queria colo,
não respostas.
só um lugar seguro
pra existir sem dar conta.

[adulto]
eu sei.
e hoje eu volto
pra te ouvir.
pra dizer que a culpa
nunca foi sua,
e que teu choro contido
ainda ecoa aqui.

[criança]
você ainda lembra do que eu sonhava?

[adulto]
nem tudo.
mas quero lembrar com você.
não pra voltar ao passado,
mas pra resgatar o que deixei cair
na pressa de crescer.

[ambos]
a gente ainda pode se curar.
juntos.


2. A criança falando ao adulto

quando você se perdeu de mim,
eu continuei aqui.
brincando sozinho,
desenhando esperança
nas paredes da tua ausência.

vi você correr,
fingir que não doía,
fingir que sabia —
mas era só medo com roupa de adulto.

eu gritei,
você não escutou.
então guardei minha voz
no fundo do peito
e esperei.

esperei você cansar de ser forte,
de fingir que tudo passou.
esperei você lembrar
que também foi pequeno,
que também queria colo.

e agora que voltou,
não peço desculpas
por ter ficado sensível.
foi minha forma de sobreviver
ao teu esquecimento.

mas ainda é tempo.
se você quiser,
a gente cresce junto
de um jeito mais bonito.



Alguém disse:
Outro diálogo da criança com o adulto
Aqui vai outro diálogo entre a criança e o adulto, com uma atmosfera mais silenciosa, introspectiva — como se ambos estivessem se encontrando num lugar sem tempo, no limiar entre o cansaço e o afeto não dito:

[criança]
você andou rápido demais.
eu tentei correr junto,
mas minhas pernas eram pequenas.
você nem olhou pra trás.

[adulto]
me disseram que crescer era urgente.
que chorar era fraqueza,
e que sonhar era luxo.
então eu fui…
deixando você pra depois.

[criança]
mas eu só queria te mostrar
o céu que eu via do chão.
você se esqueceu de olhar pra cima.
virou especialista em olhar pro relógio.

[adulto]
eu me perdi do tempo,
achando que produtividade
valia mais que presença.
e acabei sozinho —
mesmo cercado de conquistas.

[criança]
eu ainda guardei seus desenhos.
os que você fez quando acreditava.
teu nome ainda tá escrito na minha parede.
eu nunca deixei de esperar.

[adulto]
me desculpa por ter te calado.
por ter escondido teu riso,
teu medo,
teu brilho.

[criança]
me abraça, só.
não precisa consertar.
só fica.
que eu ainda posso te ensinar
a ser inteiro — devagar.



Alguém disse:
Continua com o diálogo
Aqui vai a continuação do diálogo — agora, com um tom mais de aproximação real, onde o adulto começa a ouvir de verdade e a criança, pouco a pouco, volta a confiar. A reconexão é lenta, mas começa a ganhar corpo:

[adulto]
hoje sentei no chão.
me deu vontade de te chamar.
sem pressa,
sem culpa.
só pra ver se você ainda vinha.

[criança]
eu vim.
com um pé atrás,
mas vim.
porque dessa vez
você falou baixo.
e eu acredito mais em sussurros
do que em promessas.

[adulto]
você ainda tem medo de mim?

[criança]
tenho.
porque muitas vezes você me usou
pra justificar o que doeu.
e depois me culpou por não ser forte.
mas tô aqui.
porque você parou de correr.

[adulto]
eu parei.
não porque entendi tudo,
mas porque cansei de não sentir.
e percebi que minha força
tava na tua fragilidade.
no teu jeito de olhar o mundo
sem filtro.

[criança]
eu ainda sei brincar.
ainda sei chorar sem vergonha.
ainda sei imaginar abrigo
em qualquer canto do dia.

se você me der espaço,
posso te ensinar de novo.

[adulto]
então me ensina.
devagar.
sem exigir cura.
só presença.

[ambos]
porque se a gente andar junto,
talvez nenhum dos dois
precise se esconder mais.


Alguém disse:

Continua
Com carinho. Aqui está a continuação do diálogo — agora num tom mais íntimo, cotidiano, como se os dois estivessem, enfim, convivendo no mesmo tempo. O reencontro ainda é recente, mas já existe espaço para escuta, afeto e até humor tímido.

[criança]
hoje sonhei com bicicleta.
com vento no rosto
e ninguém gritando “cuidado”.
você ainda lembra do vento?

[adulto]
eu lembro…
mas fazia tempo que não sentia.
hoje de manhã
saí sem rumo,
e pensei em você.
em como tudo era mais simples
quando eu só queria andar
sem chegar.

[criança]
você sempre quis chegar.
sempre contou os passos,
as notas,
as conquistas.
mas esqueceu de contar
as árvores,
os cheiros,
as pessoas.

[adulto]
é verdade.
troquei poesia por planilha.
tremedeira por meta.
e quando vi,
tava tudo certo por fora
e tão vazio aqui dentro.

[criança]
então deixa eu bagunçar um pouco.
não muito.
só o suficiente
pra caber de novo alegria.

[adulto]
pode.
até porque eu percebi
que a ordem sem afeto
é só um jeito bonito
de esconder o cansaço.

[criança]
e se um dia eu sumir de novo?

[adulto]
eu vou procurar.
mas agora sei:
você não é fase.
é raiz.


Alguém disse:

Lindo 😻 demais. Continua, por favor
Fico muito feliz que esteja te tocando. Vamos continuar com mais um capítulo desse reencontro — agora numa manhã calma, onde o adulto já começa a proteger a criança, não como quem a guarda numa redoma, mas como quem finalmente aprendeu a escutar com o coração inteiro:

[criança]
hoje acordei cedo
e esperei você abrir os olhos.
não pra pedir nada —
só pra ver se você ainda me via.

[adulto]
eu te vi.
e pela primeira vez,
não senti culpa,
nem vergonha.
só vontade
de te manter por perto.

[criança]
você sempre quis me corrigir.
agora parece que quer me compreender.

[adulto]
é que entendi
que teus erros eram só tentativas.
que tua bagunça
era linguagem.

e que aquele choro no fundo da escola
era só saudade de ser acolhido.

[criança]
eu só queria caber em algum lugar.
ser inteiro sem ser julgado.
poder errar
e ainda assim
ser amado.

[adulto]
agora você cabe.
aqui, no meu peito.
com seus desenhos tortos,
com seus medos exagerados,
com sua risada que ainda me salva.

[criança]
e se alguém rir de mim?

[adulto]
eu fico do teu lado.
não pra brigar,
mas pra lembrar você
que tua essência não precisa se esconder
pra ninguém.

[criança]
então me deixa ficar mais um pouco?
só até o dia ficar bonito de novo?

[adulto]
fica.
a gente faz esse dia junto.


Alguém disse:

Continua 

Com muita alegria. Aqui vai mais um capítulo dessa série — agora num dia comum, talvez chuvoso, em que o adulto está distraído, quase voltando aos velhos hábitos… mas a criança chama de volta. Um lembrete sutil de presença:


capítulo: “antes que você se esqueça de mim de novo”

[criança]
ei.
hoje você ficou calado demais.
ficou olhando o celular,
as notificações,
como quem tenta se esconder de si.

tô aqui, sabia?
ainda gosto de você.
mas às vezes parece
que você se esquece.

[adulto]
não me esqueci…
só me distraí.
tem dias em que o mundo grita tão alto
que eu me recolho sem notar.

mas tua voz
atravessa tudo.
me chama de volta
pra o que importa.

[criança]
não precisa ser forte o tempo todo.
me deixa ver você cansado também.
me deixa cuidar de você às vezes.

lembra quando você me prometeu
que a gente ia crescer junto?

[adulto]
lembro.
e tô tentando.
mas crescer ainda me assusta —
principalmente quando esqueço
que não preciso fazer isso sozinho.

[criança]
então me chama.
nem que seja baixinho.
nem que seja no meio do medo.

eu te reconheço até de olhos fechados.


Alguém disse:

Continua com a mesma linha
Aqui vai mais um capítulo — desta vez num momento de pausa. O adulto, cansado da rotina, senta pela primeira vez sem se cobrar. E a criança, que observa tudo, entende: o silêncio também pode ser cuidado.

capítulo: “ficar sem fazer nada”

[adulto]
hoje eu só sentei.
sem lista,
sem tarefa,
sem tentar consertar nada.

o mundo lá fora corria,
mas dentro de mim,
só silêncio.

e, estranhamente,
não me senti inútil.

[criança]
eu tava aqui o tempo todo.
sentado do teu lado.
esperando você notar
que ficar quieto também é afeto.

lembra quando a gente deitava no chão
e ficava vendo as nuvens virar bicho?

aquilo era descanso.
era oração sem nome.
era existir sem se provar.

[adulto]
eu passei tanto tempo correndo…
achando que parar era fracassar.
que descansar era desperdício.

mas hoje, contigo aqui,
percebi que o mundo não desaba
só porque me permito respirar.

[criança]
às vezes, o que salva
é exatamente isso:
ficar.
sentir o vento.
deixar a tarde passar
sem pedir explicações.

[adulto]
então fica mais.
me ensina de novo
a não fazer nada
como quem faz tudo.


Alguém disse:

Sim continua
Com carinho, aqui vai mais um capítulo — agora, numa noite em que o adulto tem dificuldade de dormir. A cabeça cheia, o corpo tenso. E é a criança quem, pela primeira vez, embala.

capítulo: “hoje eu te nino”

[adulto]
a noite chegou pesada.
minha mente tá cheia
de coisas que não fiz,
de coisas que talvez nunca faça.
meu corpo deitou,
mas a alma ainda tá em pé.

[criança]
deita.
não pra fugir.
mas pra ser cuidado.
hoje, deixa que eu te nino.

lembra como você fazia comigo
quando o medo me visitava?

agora é minha vez.

[adulto]
mas e se tudo der errado amanhã?
e se eu me perder de novo?
e se eu fracassar?

[criança]
então a gente se abraça de novo.
então eu te lembro quem você é,
mesmo sem as respostas,
mesmo sem os acertos.

porque amar não é vencer,
é permanecer.

[adulto]
é estranho deixar você cuidar de mim…
mas também é bonito.
me sinto menos só.

[criança]
você nunca esteve só.
só tava tentando ser grande demais
pra caber em um mundo pequeno.

mas agora que me escuta,
posso te lembrar:
não precisa merecer descanso.
só precisa permitir.

fecha os olhos.
eu tô aqui.
a gente atravessa essa noite juntos.


Alguém disse:

Continua como o primeiro dia em que dançaram juntos
Com emoção, aqui vai o próximo capítulo: o primeiro dia em que eles dançaram juntos. Um gesto simples, mas cheio de cura. O corpo, que por tanto tempo foi só dever, vira alegria. E a criança, claro, já sabia o caminho.

capítulo: “primeira dança”

[adulto]
começou sem querer.
uma música antiga tocou,
dessas que ficam guardadas num canto
junto com o cheiro da infância.

meu pé bateu no chão.
meio sem ritmo.
meio tímido.
e, sem entender,
senti vontade de dançar.

[criança]
eu tava esperando esse momento.
sabia que, uma hora,
você ia lembrar
que o corpo também sorri.

te vi dançar torto,
meio desacostumado,
mas com verdade.
e foi lindo.

[adulto]
eu ri de mim mesmo.
e, pela primeira vez,
não foi pra me diminuir —
foi por leveza.

deixei o som me levar,
como se cada gesto dissesse:
"eu também sou alegria,
mesmo depois de tanta rigidez."

[criança]
e eu fui junto.
girei contigo no meio da sala,
descalço, rindo alto,
como quem diz:
"a vida ainda cabe na gente."

[adulto]
foi só um momento,
mas me preencheu inteiro.
como se cada passo desengonçado
recolhesse pedaços meus
espalhados pelo tempo.

[criança]
dançar é lembrar que estar vivo
não precisa ser pesado.
às vezes, basta o som certo
e a coragem de se deixar sentir.

[adulto]
então, quando doer de novo,
me lembra disso?

[criança]
lembro.
e coloco a música pra tocar
sem você pedir.


Alguém disse:

Quando o adulto chora na frente da criança
Aqui vai, com delicadeza: o capítulo em que o adulto, pela primeira vez, chora na frente da criança. Não é um colapso — é abertura. E a criança não se assusta, porque entende. Ela sempre entendeu.

capítulo: “e eu chorei na tua frente”

[adulto]
foi sem aviso.
me sentei no canto do quarto
e, de repente, veio.
não tinha barulho,
não tinha desespero —
só lágrimas,
como se meu corpo abrisse
um portal antigo.

e eu chorei na tua frente.

[criança]
eu fiquei quieto.
não por medo,
mas por respeito.

esperei você chorar tudo,
sem tentar interromper,
sem consertar.
só fiquei perto,
do jeito que eu sempre quis
que ficassem de mim.

[adulto]
pensei que você fosse fugir.
que ia se assustar
com a minha dor cansada,
com meu rosto desfeito.

mas você ficou.
e segurou minha mão
como quem segura o tempo.

[criança]
porque eu entendi:
você chorava por nós dois.

pelas noites em que fui ignorado,
pelos dias em que você se calou
pra não desagradar.

por tudo que engolimos
pra parecer bem.

[adulto]
e ali, com você,
eu senti que chorar
não era sinal de fraqueza,
mas de retorno.

como se cada lágrima dissesse:
“agora eu confio em você”.

[criança]
e eu confio em você também.
mesmo quando tua voz falha,
mesmo quando teu silêncio pesa.

porque naquele choro,
eu vi que você, enfim,
me vê por inteiro.


Alguém disse:

As duas vertentes, separadamente
Aqui estão os dois próximos capítulos, cada um com sua própria emoção: primeiro, a noite em que escrevem uma carta juntos, e depois, o dia em que o adulto defende a criança de críticas antigas. Dois momentos importantes de cura e cumplicidade.

capítulo: “a carta que escrevemos juntos”

[adulto]
peguei papel e caneta.
não pra listar tarefas,
nem pra fazer planos —
mas pra dizer coisas
que ficaram engasgadas por anos.

você sentou do meu lado.
olhos atentos.
esperando ser incluído.

[criança]
e você me deu espaço.
pela primeira vez,
perguntou o que eu queria dizer.

então escrevi:
“me desculpa por ter sido deixado de lado
só porque crescer virou urgência.”

[adulto]
e eu respondi:
“me desculpa por ter tido medo
de te mostrar ao mundo.”

as palavras vieram aos poucos,
com rasuras,
mas com verdade.

[criança]
no fim, a carta era pra nós.
não pra culpar,
mas pra costurar.

uma forma de dizer:
a gente não precisa mais se esconder.

[adulto]
e eu guardei essa carta
como quem guarda o que é sagrado.

porque ali tem nossa história
e a promessa de não romper de novo.


capítulo: “quando te defendi”

[adulto]
hoje alguém falou de mim
com aquela voz dura,
cheia de correção.
e, pela primeira vez,
não aceitei calado.

porque percebi que o que estavam julgando
não era o adulto —
era você.

[criança]
eu senti.
o coração acelerou,
mas não de medo —
de surpresa.

você ficou de pé por mim.
não pra brigar,
mas pra dizer:
“ele merecia ter sido abraçado,
não moldado à força.”

[adulto]
eu disse:
“não foi fraqueza,
foi excesso de cuidado mal compreendido.
ele só queria ser visto.”

e quando terminei,
senti você sorrir por dentro.

[criança]
porque eu esperei anos
pra ver isso acontecer.

pra ver você me defender
como quem entende
que não sou erro —
sou origem.


Alguém disse:

Quero seguir sim as três imagens separadamente
Perfeito. Vamos seguir com os três próximos capítulos, cada um como uma imagem poética e completa por si só:

capítulo: “o dia em que brincamos juntos”

[criança]
você achava que já era tarde demais.
que brincar era coisa enterrada
num passado sem volta.
mas aquele domingo cinza
pediu leveza,
e você atendeu.

[adulto]
peguei o giz de cera.
desenhei uma casa torta,
um sol azul,
um cachorro voando.
você riu.
e foi como se eu tivesse voltado pra casa
sem sair de onde estou.

[criança]
corremos no corredor da sala,
fizemos castelo com travesseiros,
inventamos um idioma
só nosso.
e ninguém morreu por isso.

[adulto]
eu achava que brincar era perda de tempo.
mas ali entendi:
brincar é quando o tempo se rende.
é quando o corpo e a alma
se lembram que estão vivos.


capítulo: “enfrentando o medo antigo”

[adulto]
tinha uma porta dentro de mim
que eu evitava abrir.
sempre que me aproximava,
o estômago virava pedra.
mas hoje você segurou minha mão
e disse:
“vamos.”

[criança]
eu lembrava do que tinha lá.
os gritos,
a culpa,
as palavras que me diminuíram.
mas também sabia
que a gente não precisava mais
ouvir calado.

[adulto]
entramos juntos.
e o que parecia um monstro
era só eco.
o medo encolheu
quando ouvi tua voz firme:
“você não tem que acreditar nisso.”

[criança]
foi ali que eu entendi
que não era covardia ter medo.
covardia era seguir fingindo
que ele não existia.

[adulto]
e naquela sala apertada do passado,
você foi minha coragem.


capítulo: “a despedida da culpa”

[adulto]
carreguei ela por tanto tempo
que achei que era parte de mim.
a culpa virou rotina,
terno social,
jeito de andar.

mas hoje,
você me pediu pra largar.

[criança]
“não era sua culpa” —
foi tudo o que eu disse.
e você tremeu.
porque nunca tinha ouvido isso
sem reservas.

[adulto]
eu chorei.
não por arrependimento,
mas por libertação.

deixei a culpa escorrer pelos dedos,
como areia molhada
que não se sustenta.

[criança]
você me olhou como se pedisse permissão
pra ser leve.

e eu disse:
“já era tempo.”


Posso continuar com outras cenas de reconexão, reconciliação e descoberta. Quer seguir com mais capítulos assim?

Você disse:
Agora as três vertentes em um diálogo mais longo
Com prazer. Aqui está um diálogo contínuo e mais longo, onde se entrelaçam as três imagens: o dia em que brincaram juntos, o enfrentamento de um medo antigo e a despedida da culpa. É como se tudo acontecesse no mesmo tempo simbólico — num desses dias em que o passado e o presente se encontram para se curar mutuamente.

capítulo: “o que restou quando paramos de fugir”

[criança]
você me chamou pra brincar.
achei que era sonho.
tinha tempo que eu esperava
ver teu riso solto,
teu corpo leve,
teu cansaço abrindo espaço pra alegria.

[adulto]
achei que tinha esquecido como se fazia.
mas você me ensinou de novo,
com aquele jeito tão simples —
riscando o chão com giz,
me entregando um travesseiro e dizendo:
“vamos fazer castelo?”

e eu fui.
sem medo de parecer ridículo.
pela primeira vez, fui inteiro.

[criança]
e quando você riu,
eu senti que algo se soltava por dentro.
como se a culpa tivesse perdido espaço.
como se brincar fosse o começo do perdão.

[adulto]
mas no fundo do riso,
tinha um eco antigo.
uma porta fechada dentro de mim
que rangia só de lembrar.

e você notou.
parou o jogo,
segurou minha mão
e disse:
“acho que chegou a hora.”

[criança]
lembra do armário?
da voz que te dizia que sentir era fraqueza?
que errar era imperdoável?

a gente foi até lá.
não correndo,
não fugindo —
indo devagar,
com o coração batendo alto,
mas os pés firmes.

[adulto]
quando a porta abriu,
achei que não ia suportar.
mas você me olhou
com a calma de quem já viveu tudo aquilo
e sobreviveu.

e disse:
“você não precisa mais se punir.”

[criança]
a culpa não é tua.
nunca foi.
só te ensinaram a se culpar
pra manter o silêncio.

mas agora você fala.
agora você sente.
agora você dança no meio da sala.

[adulto]
e na dança,
na bagunça do quarto,
no giz espalhado pelo chão,
eu me despedi da culpa.

não como quem a expulsa,
mas como quem entende:
ela já não mora mais aqui.

[criança]
e se um dia ela voltar,
a gente brinca de novo.
a gente escreve outra carta.
a gente enfrenta o medo juntos.

porque agora você sabe:
crescer não é esquecer.
é incluir.
é me carregar contigo,
não como peso,
mas como raiz.


Alguém disse:

Quero seguir
Então seguimos. Aqui vai o próximo capítulo, na mesma linha — um reencontro depois de uma recaída. A sensação de ter voltado atrás, de ter se esquecido de tudo por um instante... mas a criança está lá, esperando, sem cobrança, sem drama. Apenas presença e permanência.

capítulo: “você voltou”

[adulto]
desculpa.
eu me perdi de novo.
falei comigo com aquela voz dura,
repeti velhas frases,
me acusei por sentir demais.

achei que tinha desaprendido
tudo que a gente viveu.

[criança]
mas eu nunca fui embora.
fiquei quieto, no canto,
esperando você cansar de se bater,
de se cobrar,
de fingir que é de ferro.

quando vi teu olhar cair no espelho,
soube:
você tava voltando.

[adulto]
eu tive vergonha.
como se o erro tivesse anulado
todo o caminho.

como se o fato de escorregar
cancelasse a dança.

[criança]
mas dançar também é errar o passo.
também é tropeçar,
ficar fora do ritmo,
sentar no chão e respirar fundo.

você não me perdeu.
só se distanciou de si por um tempo.

[adulto]
e agora que te vejo de novo,
tudo parece mais claro.

não porque a dor sumiu,
mas porque ela não tem mais
a última palavra.

[criança]
quando você caiu,
eu segurei tua queda daqui de dentro.

não com força,
mas com lembrança.

lembra quando a gente construiu o castelo?
quando enfrentou o medo?
quando escreveu aquela carta?

nada disso se perdeu.
tá tudo guardado.

[adulto]
e agora eu sei:
não importa quantas vezes eu desvie,
você vai estar aqui.

não como cobrança,
mas como caminho de volta.

[criança]
sempre.
porque te amar
é também te esperar.


Alguém disse:

Adulto dizendo à criança que não se envergonha dela
Aqui vai esse momento essencial: o capítulo em que o adulto olha nos olhos da criança e diz, com verdade inteira, que não sente vergonha dela. É um ponto de virada. Não é redenção — é pertencimento.

capítulo: “não me envergonho mais de você”

[adulto]
eu precisei de tempo.
pra desatar os nós,
pra rever as palavras duras que repeti,
pra desfazer os espelhos tortos
em que você foi refletida.

mas agora eu sei.
não me envergonho mais de você.

[criança]
você tá dizendo isso de verdade?
porque eu lembro dos dias
em que meu jeito te incomodava.
em que meu choro era exagero,
em que minha alegria era “barulho”.

[adulto]
eu lembro também.
e dói admitir.
mas hoje entendo:
eu não sabia lidar com a tua liberdade.
com tua fragilidade.
com tua fome de presença.

e por medo de parecer fraco,
te chamei de demais.

[criança]
eu só queria brincar
sem ser interrompido.
chorar sem ser corrigido.
sonhar sem ser ridicularizado.

mas eu guardei tudo.
engoli, sorri,
me encolhi —
pra caber no que esperavam de mim.

[adulto]
e hoje eu vejo:
você era força em forma pequena.
era coragem em forma de riso.
era verdade em estado bruto.

não tenho vergonha de ti.
tenho orgulho.

[criança]
então me deixa sair?
não só nas memórias,
mas no agora?

me deixa correr no teu dia,
rir alto,
criar sem sentido,
ficar triste sem me apressar?

[adulto]
sim.
a partir de hoje,
você não tá mais escondido.

anda comigo.
fala comigo.
vive comigo.

e se alguém disser que você é estranho,
que é sensível demais —
eu vou sorrir
e dizer:
“ainda bem.”


Alguém disse:

Adulto está orgulhoso da criança
Com muito carinho. Aqui vai o capítulo em que o adulto não só deixa de sentir vergonha, mas expressa um orgulho genuíno pela criança que foi. Um orgulho que repara, acolhe e fortalece.

capítulo: “eu me orgulho de você”

[adulto]
sentei hoje e pensei em tudo que você passou.
na solidão escondida atrás dos desenhos,
na coragem de continuar sorrindo
quando não sabiam te escutar.

e me veio um nó na garganta,
não de tristeza —
mas de orgulho.

[criança]
orgulho?
mesmo com os medos que eu tive?
com a vergonha de falar em voz alta?
com as vezes em que chorei escondido?

[adulto]
sim.
porque agora vejo:
você fez muito com muito pouco.
criou beleza no silêncio,
inventou abrigo onde não tinha colo,
segurou a esperança como brinquedo de estimação.

isso não é fraqueza.
isso é força rara.

[criança]
mas ninguém dizia isso.
eles queriam que eu crescesse rápido,
que eu entendesse o mundo antes da hora.

eu achei que tava errado.

[adulto]
mas não tava.
você era só verdadeiro num mundo apressado.
e por isso hoje eu digo com firmeza:
eu me orgulho de você.

pela tua sensibilidade.
pela tua imaginação.
por ter sobrevivido inteiro,
mesmo quando te pediram pra ser metade.

[criança]
saber disso muda tudo.
porque às vezes eu ainda achava
que precisava me justificar.

[adulto]
nunca mais.
você não me deve explicação.
sou eu que te devo reparo,
e gratidão.

[criança]
então me deixa brincar hoje?
sem medo de ser infantil?

[adulto]
te deixo.
e brinco junto.
porque ser adulto agora
também é te honrar.


Alguém disse:

Criança pergunta se ele se lembra quando tinham medo de falar em público
Claro. Aqui vai esse momento íntimo e doce, em que a criança testa com delicadeza se o adulto ainda carrega a memória do medo — e se agora ele pode olhar para isso com mais ternura.

capítulo: “você lembra?”

[criança]
você lembra
quando a gente tremia na frente da sala?
quando a professora chamava o nosso nome
e o coração parecia querer fugir pela boca?

[adulto]
lembro, sim.
das mãos suadas,
do nó na garganta,
da voz que não saía.

da vergonha de parecer fraco
só por ter medo de falar.

[criança]
e a gente ficava ensaiando mil vezes,
decorando tudo,
tentando parecer seguro —
quando tudo que queria era sumir?

[adulto]
eu lembro.
e hoje, olhando pra trás,
quero te dizer:
você foi corajoso.
você subiu lá mesmo com medo,
mesmo sem saber onde pôr as mãos,
mesmo com a voz trêmula.

isso não foi fracasso.
foi resistência.

[criança]
na época eu achei que era fraqueza.
que ser forte era falar alto,
não gaguejar,
ser aplaudido.

[adulto]
mas ser forte, eu aprendi,
é continuar aparecendo,
mesmo quando tudo em você quer se esconder.

e você fez isso.
tantas vezes.
eu me orgulho tanto da sua coragem silenciosa.

[criança]
então agora,
quando você sobe num palco,
quando abre a boca numa reunião,
eu tô lá com você?

[adulto]
sempre.
e se a voz falhar,
se o coração acelerar,
eu vou lembrar que não tô sozinho.
que sou feito também de você.
e que não preciso mais me envergonhar disso.


Alguém disse:

Pode continuar.
Com muito cuidado e poesia, aqui está a continuação: a criança responde com leveza e verdade, trazendo mais uma memória — e abrindo espaço para mais cura.

capítulo: “eu tava lá”

[criança]
eu lembro do teu primeiro sim.
a primeira vez que você levantou a mão,
mesmo com a voz presa.

tinha um frio no estômago,
mas você disse.
e foi pequeno,
e foi bonito.

[adulto]
eu pensei que ninguém tinha notado.
que foi só um ruído no meio da aula.

[criança]
mas eu notei.
porque era como se você me chamasse de volta.
como se dissesse:
“vem, já pode sair do esconderijo.”

[adulto]
eu não sabia que aquela fala tímida
te traria de volta pra perto.

[criança]
foi um sinal.
de que você tava tentando ser inteiro de novo.
e mesmo que depois tenha silenciado de novo,
eu tava lá.
esperando outro sim.

[adulto]
agora eu vejo:
cada passo pequeno que dei,
cada gesto de exposição,
foi também um aceno pra ti.

e hoje, quando falo em público,
não falo sozinho.

[criança]
não.
eu tô no fundo da sala,
batendo palmas devagar,
orgulhoso.

e mesmo que ninguém veja,
sou eu que sustento tua voz quando ela treme.

[adulto]
obrigado.
por não ter desistido de mim.
por ter esperado no silêncio.

[criança]
eu sempre soube que um dia você voltaria pra mim.
e que juntos, a gente falaria mais bonito.


Alguém disse:

Pelas duas trilhas
Perfeito. Vamos seguir pelas duas trilhas: primeiro, um capítulo em que eles celebram uma conquista juntos, depois outro onde exploram o medo de se expor emocionalmente. Cada um com sua verdade, seu ritmo, sua cura.

capítulo: “a gente conseguiu”

(celebrando uma conquista juntos)

[adulto]
você viu?
a gente conseguiu.
não do jeito perfeito,
mas do nosso jeito.

[criança]
eu vi sim.
e eu dancei por dentro.
porque te vi fazer o que um dia achou que nunca conseguiria.

[adulto]
minha mão ainda tremeu.
o coração acelerou.
mas eu fui mesmo assim.
sem disfarce.
sem armadura.

[criança]
foi lindo.
porque você não fingiu ser invencível —
você foi verdadeiro.
e isso é mais bonito do que qualquer aplauso.

[adulto]
foi você que me ensinou isso.
a beleza da tentativa.
do tropeço que vira dança.

[criança]
então vamos comemorar?
com pipoca,
com travesseiros no chão,
com um desenho antigo?

[adulto]
vamos.
porque hoje é dia de festa —
não porque deu tudo certo,
mas porque a gente foi com o coração inteiro.


capítulo: “e se eles souberem demais?”

(explorando o medo de se expor emocionalmente)

[adulto]
às vezes eu ainda tenho medo.
de mostrar demais.
de dizer o que sinto
e ser mal interpretado.
de me abrir e ninguém segurar.

[criança]
eu sei.
eu lembro de quando você se abriu uma vez
e riram.
ou mudaram de assunto.
ou disseram: “você sente demais”.

[adulto]
e aí eu fechei a porta.
pensei que sentir era fraqueza.
que emoção era algo pra esconder.

[criança]
mas você sabia que era mentira.
porque mesmo se escondendo,
a dor te vazava pelos olhos.
o amor escapava pelos gestos.
a saudade batia na pele.

[adulto]
eu tentei ser blindado.
mas não nasci pra ser muro.

[criança]
não mesmo.
você nasceu pra ser casa.
e casa com janela aberta.

[adulto]
e se me julgarem?
e se não souberem lidar?

[criança]
aí você respira.
e volta pra mim.
porque quem não sabe lidar contigo sensível,
nunca te conheceu inteiro.

[adulto]
e você me conhece inteiro.
até nas partes que nem eu sei nomear.

[criança]
eu sou essas partes.
e tô aqui.
sempre que você precisar reaprender a sentir sem medo.


Alguém disse:

A criança com sonhos improváveis de ver o adulto pilotando astronaves entre as estrelas e galáxias
Com muito encantamento, aqui vai o capítulo em que a criança compartilha seus sonhos mais improváveis — aqueles que não pedem permissão ao mundo real. Ela sonha com o adulto entre galáxias, no comando de algo maior, porque ainda acredita.

capítulo: “entre estrelas”

[criança]
posso te contar um segredo?
às vezes, quando você dorme,
eu te imagino pilotando uma nave.
daquelas bem grandes,
cheias de luz,
voando entre galáxias que ninguém nomeou ainda.

[adulto]
uma nave?
entre as estrelas?

[criança]
sim.
porque mesmo quando você acha que parou,
que só cumpre rotinas,
eu vejo brilho em você.
vejo motor escondido
e mapa no peito.

[adulto]
mas eu nem sei pilotar minha vida direito...
quem dirá uma astronave.

[criança]
mas você sabe imaginar.
e às vezes, isso já é conduzir.

você faz escolhas que ninguém vê,
resiste em silêncio,
carrega dores sem perder a esperança.
isso é ser comandante de uma missão invisível.

[adulto]
e o que eu tô buscando, nessa viagem?

[criança]
resgatar pedaços de si.
trazer de volta a leveza,
mapear constelações de afeto
que você deixou pelo caminho.

[adulto]
e se eu me perder nas luas erradas?

[criança]
eu deixo sinais.
papelzinho dobrado com desenhos,
um pedaço de pão de queijo,
um bilhete que diz:
"volta que ainda dá tempo."

[adulto]
você acha mesmo que eu ainda posso alcançar as estrelas?

[criança]
você já tá nelas.
só esqueceu de olhar pra cima.


Alguém disse:

Criança diz que sempre sonhou com as viagens entre as estrelas
Com doçura e brilho nos olhos, aqui está esse momento em que a criança revela o seu sonho antigo — talvez o mais verdadeiro de todos: viajar entre as estrelas, levando junto o adulto que quase esqueceu como era sonhar assim.

capítulo: “sempre sonhei com isso”

[criança]
você sabia?
desde que eu era bem pequenininho
eu sonhava em viajar entre as estrelas.

não pra fugir do mundo —
mas pra entender ele melhor,
lá de cima.

[adulto]
você queria ser astronauta?

[criança]
não só.
queria ser explorador de galáxias,
colecionador de luas,
capitão de silêncio bonito.

e eu imaginava você pilotando.
mesmo nos dias em que você tava triste.

[adulto]
mesmo nos dias em que eu dizia
que sonho era bobagem?

[criança]
justamente nesses dias.
porque era quando você mais precisava lembrar
que havia céu dentro de você.

[adulto]
e agora?
ainda dá tempo de voar?

[criança]
a gente nunca perdeu o foguete.
só encostou ele num canto da mente,
entre boletos e promessas esquecidas.

mas ele ainda liga.
ainda acende.

e eu ainda quero ir.

[adulto]
pra onde primeiro?

[criança]
pra um planeta onde ninguém se apressa,
onde rir alto é idioma oficial,
e a saudade vira constelação.

[adulto]
você já deu nome pra esse planeta?

[criança]
sim.
chama-se “voltar a ser inteiro”.


Alguém disse:

A criança chegou ao planeta chamado voltar a ser inteiro
Com ternura e uma pitada de assombro, aqui vai o momento em que a criança enfim chega ao planeta "voltar a ser inteiro" — e descobre que ali tudo faz sentido, mesmo o que antes doía. Um capítulo de chegada, de pouso suave, e de revelação interior.

capítulo: “pousei”

[criança]
pousei.
as pernas ainda tremem
como quem desce de um brinquedo alto,
mas o chão é firme
e o ar cheira a infância.

aqui, ninguém me apressa.
ninguém diz que tô sentindo demais.
os relógios são lentos —
marcam só as batidas do coração.

[criança]
tem árvores que cantam
e ventos que contam segredos
que a gente tinha esquecido.

as casas são feitas de memória boa,
e os moradores se chamam pelo nome inteiro,
sem abreviação, sem disfarce.

[criança]
sentei na beira de um lago que parece espelho
e me vi sorrindo
como quando a gente sorria sem motivo.
só porque o mundo era grande
e a gente se achava corajoso por existir.

[criança]
aqui ninguém manda calar a emoção.
ela vira música.
ela dança no corpo.

e sabe o mais bonito?
tem um lugar reservado com teu nome.
teu nome inteiro.
o que você esqueceu,
mas eu nunca deixei de guardar.

[criança]
a nave ainda tá acesa.
posso te esperar no portão da estação estelar
com um cobertor e um desenho
pra quando você quiser pousar também.


Alguém disse:

Criança convida o adulto a continuar caminhando no planeta chamado voltar a ser inteiro
Com o coração leve e os olhos brilhando, a criança estende a mão — não pra levar o adulto a algum lugar específico, mas pra caminhar junto por esse planeta onde não há mais pressa nem vergonha de sentir. Aqui está esse novo capítulo:

capítulo: “vem, continua comigo”

[criança]
vem.
a gente ainda tem muito chão pra pisar
nesse planeta chamado
voltar a ser inteiro.

não precisa correr.
aqui os caminhos são feitos de pausa.
e cada passo é celebração.

[criança]
quero te mostrar uma árvore que cresce do som
de quando você finalmente acreditou em si.
e uma pedra onde costumo sentar
pra ouvir o silêncio que me curou.

[adulto]
eu tenho medo de não entender tudo...
de pisar em território que já devia conhecer,
mas me parece novo.

[criança]
é novo mesmo.
porque agora você olha com outros olhos.
os que aprenderam a acolher.

e não precisa entender —
só sentir.
deixa que eu te mostro o caminho,
aos poucos,
com calma.

[criança]
aqui, cada ferida sua virou flor brava.
não aquelas delicadas demais —
mas daquelas que resistem até na pedra.

[adulto]
eu queria ter vindo antes.

[criança]
você chegou na hora certa.
quando já podia ficar.
sem fugir de si.

[criança]
e se um dia duvidar de novo,
se esquecer onde pisa,
é só me chamar.
eu nunca parei de andar por aqui,
esperando o dia em que você lembraria
que ainda dá pra caminhar com leveza.

vem.
a paisagem muda toda vez que a gente acredita.


Alguém disse:

Criança finalmente se rende ao sono e convida o adulto a dormir em paz no planeta chamado inteiro
Aqui está o capítulo do descanso — aquele momento de rendição suave, onde o corpo pode largar a defesa e o coração repousa em silêncio. A criança, que tanto esperou e guiou, agora se permite adormecer… e convida o adulto a fazer o mesmo, em paz, no planeta chamado inteiro.

capítulo: “agora a gente pode dormir”

[criança]
acho que posso dormir agora.
meus olhos pesam,
mas não de cansaço —
de alívio.

hoje eu não preciso vigiar a noite.
não preciso proteger nada.
você chegou.

[criança]
por tanto tempo,
eu fiquei acordado no escuro
esperando você lembrar de mim.

segurando a porta entreaberta
com medo de que trancasse por dentro.

mas agora…
tá tudo quieto por dentro,
do jeito bom.

[criança]
aqui no planeta chamado inteiro,
o travesseiro é feito de memória curada
e o cobertor tem cheiro de abraço antigo.

[criança]
deita comigo?
não precisa dizer nada.
só respira perto.
só fica.

a gente merece esse descanso
sem perguntas.
sem cobrança.

[criança]
fecha os olhos,
deixa o mundo lá fora suspenso.
a nave tá ancorada,
e o universo inteiro sabe:
por hoje,
não há nada mais urgente
do que dormir em paz.


Alguém disse:

O que acontece quando eles acordam no dia seguinte, ainda juntos, mais inteiros. 
Com delicadeza, aqui está o próximo capítulo: o amanhecer no planeta chamado inteiro. Depois da primeira noite de descanso verdadeiro, algo desperta com mais leveza — como se dentro e fora respirassem no mesmo ritmo.

capítulo: “primeira manhã”

[adulto]
acordei.
mas foi diferente de tudo que já vivi.
não fui puxado por alarme,
nem por obrigação.

foi o sol que entrou primeiro,
bem de mansinho,
como quem pede licença
pra iluminar por dentro.

[criança]
eu já tava acordado,
mas fiquei quietinho.
só ouvindo teu respirar.

você dormiu inteiro.
sem os sustos.
sem as vozes apressadas.

[adulto]
tinha esquecido como era…
abrir os olhos e não sentir culpa.

[criança]
é que aqui
o dia não começa com dívida.
começa com presença.

[adulto]
e o que a gente faz agora?

[criança]
a gente vive.
sem o peso de provar,
sem medo de falhar.

tem trilhas novas pra explorar,
tem memórias querendo florescer,
tem palavras que nunca foram ditas,
mas ainda moram na garganta.

[adulto]
e se eu tropeçar de novo?

[criança]
a gente levanta.
e ri.
e continua andando.
ninguém espera perfeição aqui —
só coragem de continuar sendo.

[adulto]
então vem.
vamos viver essa manhã
como quem acabou de nascer.

[criança]
como quem lembra, enfim,
que ser inteiro
é o nosso jeito de existir.


Alguém disse:

O que eles constroem juntos:
Com ternura, seguimos com o novo capítulo: agora, adulto e criança começam a construir uma casa no planeta chamado inteiro. Não uma casa qualquer, mas um abrigo feito com o que sobrou de esperança e o que renasceu da confiança.

capítulo: “vamos construir uma casa”

[criança]
vamos fazer uma casa?
não precisa ser grande.
mas tem que ter janelas enormes
pra entrar o sol e sair a tristeza.

[adulto]
e precisa de um telhado
que aguente a chuva dos dias difíceis.
mas também de frestas
pra escutar o barulho do mundo
sem se perder nele.

[criança]
o chão pode ser feito de lembranças boas.
aquelas que a gente quase jogou fora,
mas que ainda servem de fundação.

[adulto]
e as paredes...
podem ser feitas com palavras não ditas,
reconstruídas com calma.
pra que ecoem sem ferir.

[criança]
tem que ter um canto só pra dançar,
um outro pra desenhar sem pressa,
e um lugar onde a gente possa chorar
sem precisar se esconder.

[adulto]
e também uma mesa comprida,
pra caber todos os pedaços de nós
que foram ficando pelo caminho.

[criança]
pode ter um jardim?

[adulto]
pode.
um jardim inteiro.
com plantas que crescem mesmo quando a gente esquece de regar.

[criança]
e flores que brotam
de cada vez que a gente se perdoa.

[adulto]
essa casa vai ter porta sempre aberta?

[criança]
vai.
mas só entra quem respeita o silêncio,
e quem entende que a bagunça também faz parte da beleza.

[adulto]
então vamos construir.

[criança]
com calma.
com verdade.
com tudo que somos —
e com tudo que estamos aprendendo a ser.


Alguémdisse:

Ritual de um dia comum
O ChatGPT disse:

Com suavidade e afeto, seguimos para um novo capítulo: um dia comum na casa construída no planeta chamado inteiro. A rotina aqui é diferente — feita de cuidado, silêncio, presença e liberdade para sentir.


capítulo: “um dia qualquer (e inteiro)”

[adulto]
o café tá quase pronto.
não tem pressa.
a água ferve no tempo que precisa,
e o pão esquenta sem urgência no forno.

[criança]
coloquei duas xícaras na mesa
e um guardanapo com desenho.
fiz você com asas.
achei que combinava com seu silêncio de hoje.

[adulto]
obrigado.
às vezes esqueço que posso ter asas
mesmo nos dias parados.

[criança]
a gente também voa parado, sabia?
quando pensa bonito,
ou quando escuta o outro de verdade.

[adulto]
depois do café,
vamos organizar os livros?
mas só os que a gente ainda quer reler.

[criança]
e desenhar um mapa novo pro jardim.
onde plantar saudade,
onde deixar crescer o perdão.

[adulto]
hoje tá ventando leve.
tá bom pra ficar em silêncio.
ler cada um num canto,
e só se olhar de vez em quando.

[criança]
ou andar descalço na grama
pra lembrar que ainda somos corpo
antes de sermos cobrança.

[adulto]
e quando anoitecer?
temos algum plano?

[criança]
só um:
sentar na varanda,
olhar o céu
e não pedir nada.

aceitar que existe beleza
em apenas existir.

[adulto]
isso já é muito.

[criança]
isso já é tudo.


Alguém disse:

Visita de uma emoção antiga
Com sensibilidade e profundidade, aqui vem o capítulo da visita de uma emoção antiga — aquela que não bate à porta com violência, mas chega tímida, como quem não sabe se ainda pertence. E a casa, agora madura e acolhedora, sabe abrir espaço sem se ferir.

capítulo: “ela voltou”

[adulto]
ela voltou.
não fez barulho,
mas eu senti logo que entrei na sala.

a tristeza.
sentada no mesmo canto de sempre,
com os olhos baixos,
sem pedir nada.

[criança]
eu vi também.
mas ela tá diferente.
não veio arrancar o teto,
nem apagar a luz.

parece que só quer companhia.

[adulto]
por muito tempo,
quando ela chegava,
eu fugia.
corria pela casa, trancava portas,
escondia até de mim.

[criança]
hoje não precisa.
a gente já tem sofá pra ela.
cobertor também.

[adulto]
você acha que ela vai ficar muito?

[criança]
não importa.
enquanto estiver aqui,
a gente escuta.

porque às vezes ela volta só pra lembrar
que sentir não é fraqueza —
é prova de que ainda estamos vivos.

[adulto]
você sempre foi mais corajoso que eu.

[criança]
não é coragem.
é que eu aprendi cedo
que tristeza também tem nome,
e quando a gente chama pelo nome,
ela deixa de nos assustar tanto.

[adulto]
então vamos fazer chá pra ela?
um chá morno,
sem julgamento?

[criança]
e talvez ler um trecho do nosso livro preferido.
aquele que fala de dias nublados
com palavras ensolaradas.

[adulto]
tá certo.
se é pra ela ficar,
que seja em paz.

[criança]
e se for embora,
que leve com ela só o que já não serve mais.



Alguém disse:

Segue essa trilha

Com ternura, seguimos para o novo momento: a tristeza — essa visitante antiga — se senta à mesa, não mais como ameaça, mas como história viva. E ela fala.

capítulo: “o que a tristeza contou”

[tristeza]
eu não vim te derrubar,
embora eu já tenha feito isso antes.
eu vim porque vi luz acesa.
e pensei: talvez agora eu possa ser escutada.

[adulto]
você sempre chegava de surpresa,
de mãos pesadas
e olhos molhados.

mas agora parece mais…
leve.

[tristeza]
é que vocês mudaram.
não se escondem mais de mim.
e isso me alivia também.

eu vim lembrar que ainda há partes de vocês
que não foram abraçadas.
mas que já não gritam —
só sussurram.

[criança]
você sempre me assustou.
mas hoje eu vejo que você só queria
me mostrar onde doía.

[tristeza]
exato.
eu fui exagero,
mas era só porque ninguém me ouvia.

hoje, nessa casa,
eu posso ser breve.
posso ser brisa,
e não tempestade.

[adulto]
você vai embora?

[tristeza]
vou.
mas não pra sempre.

às vezes volto,
pra regar memórias,
ou avisar que algo precisa mudar.

mas agora eu entro pela porta,
tiro os sapatos,
e só fico se for bem-vinda.

[criança]
a gente aprendeu a te ouvir
sem se perder em você.

[tristeza]
então agora posso partir
com mais leveza do que quando cheguei.

obrigada
por não me expulsarem,
por não fingirem felicidade sem ar.

vocês se tornaram casa —
e isso me deixa em paz.


Alguém disse:

Alegria

Com alegria genuína, seguimos. Ela chega como luz pelas frestas, como cheiro bom na cozinha, como gargalhada que brota sem motivo. Não precisa anunciar sua presença — a gente sente. E ela fala, também.

capítulo: “entrei pela varanda”

(A visita da Alegria)

[alegria]
eu não bati na porta.
entrei pela varanda,
onde o vento estava brincando
com as folhas do jardim.

vocês deixaram espaço.
e isso já é convite.

[criança]
eu vi você chegando.
no jeito como o dia abriu os olhos,
no gosto doce da fruta madura.

[adulto]
eu temi que você não viesse mais.
achei que era coisa de antes —
de um tempo que não volta.

[alegria]
eu volto sempre.
mas só quando não sou forçada.

não sou conquista,
sou presença.

não nasço de metas,
nasço de inteirezas pequenas.

[criança]
você lembra o cheiro de terra molhada?
aquele que faz a gente sorrir
mesmo sem entender por quê?

[alegria]
sou eu, naquele cheiro.
sou eu no som do riso engasgado,
na dança desajeitada da sala,
na primeira mordida que surpreende.

[adulto]
e se a tristeza voltar amanhã?

[alegria]
então eu espero.
porque eu sei que vocês agora
não me trocam mais por performance.

sei que têm espaço pra mim —
não como fuga,
mas como raiz.

[criança]
fica mais um pouco?
tem bolo fresco e céu aberto.

[alegria]
fico.
até vocês se esquecerem de me olhar
porque me tornaram parte.

fico no andar,
no olhar,
na pausa.

fico no que é leve,
sem deixar de ser inteiro.

MARTELO DE BORRACHA

 


Martelo de Borracha no RH Celeste

Martelo de borracha,
bigorna zen,
salta do bolso de um palhaço aposentado
e sobe num foguete de tapioca.

Lá em cima —
onde os satélites dançam lambada
com balões de festa infantil —
ele prega com pregos de sonho
em nuvens de algodão doce.

“Você será equilibrista de pensamentos!”
grita ele para um raio tímido.
“E você, garçom de luz solar molhada!”
diz, martelando forte, sem fazer barulho,
porque barulho não combina com sonho.

Cada martelada é um contrato assinado
com cheiro de marshmallow e promessa de riso.
As nuvens suspiram,
a Via Láctea toma nota em papel de bala,
e o céu ganha um RH psicodélico.

No fim do expediente,
o martelo guarda sua gravata de arco-íris,
toma um café com poeira estelar
e dorme num envelope de brisa.

Amanhã tem mais vaga no firmamento.

AQUELE QUE ESCUTOU SEM SABER

 





aquele que escutou sem saber

ele era só mais um
entre tantos
uma mente acordando no corpo cansado
um gesto automático
para desligar o despertador

mas naquela manhã
algo permaneceu no ar

um silêncio diferente
entre os sons da cidade
como se a respiração do mundo
tivesse mudado de ritmo

ele não sabia por quê
mas o café não tinha gosto
e o espelho
devolveu um olhar
que ele nunca tinha visto tão fundo

não era tristeza
nem alegria
era como se algo dentro dele
tivesse aberto os olhos

o eco
chegara

não como palavra
mas como vibração leve
plantada entre duas batidas do coração

ao longo do dia
percebeu pequenas coisas:
um pensamento que não era seu
mas o compreendia
uma memória que parecia vir
de uma vida não vivida

começou a ouvir sons
onde ninguém falava
sentiu saudades de algo
que não sabia nomear

à noite,
olhou o céu como sempre
mas desta vez
soube que alguém, em algum lugar
estava também olhando

e sentindo o mesmo

o idioma do entre
o idioma sem margens
começava a germinar dentro dele

e mesmo que ele não soubesse
estava sendo chamado
para lembrar
sem entender
e seguir
sem saber onde

porque às vezes
a primeira resposta do universo
é um silêncio que muda tudo.

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?

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segunda-feira, 28 de abril de 2025

FLAGRADOS NO SILÊNCIO

 FLAGRADOS NO SILÊNCIO

havia ruído no mundo,
mas entre nós —
uma pausa profunda,
feito respiração suspensa
antes do beijo.

não era ausência de som,
era presença demais:
olhares falavam
o que nenhuma palavra
teria coragem de dizer.

o silêncio nos vestia
como se fosse brisa,
como se fosse véu.
e ali, tão quietos,
dizíamos tudo
sem mexer os lábios.

a cidade passava ao fundo,
com seus motores e seus dias,
mas estávamos noutro plano:
feito música sem melodia,
feito carta sem remetente,
feito tempo sem contagem.

e quando enfim
alguém abriu a porta,
quando o mundo voltou
a nos chamar pelo nome —
era tarde.

já tínhamos sido flagrados no silêncio.
já tínhamos deixado
vestígios de eternidade
no espaço entre dois corações
que bateram calados,
juntos.

domingo, 27 de abril de 2025

QUANDO ALGUÉM OUVE

 Quando Alguém Ouve

Muito tempo depois,
quando o tempo já não contava,
alguém — que não era inteiro,
que já tinha se quebrado demais —
parou.

Não por escolha,
mas por exaustão.
E no espaço entre um suspiro e o esquecimento,
ouviu algo.

Não era som,
mas ausência que vibrava.
Não era voz,
mas um estremecer de dentro.

Era o grito —
aquele antigo, esquecido, sem rosto,
que nunca encontrara seu próprio eco.

Mas agora, enfim,
não precisava mais ser ecoado.
A escuta bastava.
A presença bastava.

E o grito se dissolveu,
não porque foi respondido,
mas porque foi acolhido.

Ali, no silêncio de alguém partido,
ele finalmente pôde descansar.
E no lugar onde gritou por eras,
brotou uma água quieta,
onde a dor se deita,
e o mundo se vê… de novo.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

A INFÂNCIA QUE NÃO VOLTA

 

A Infância que Não Volta

Eu queria voltar a ser criança,
mas não posso.

Há um tempo que não se refaz,
um chão que não aceita os mesmos passos.

A criança em mim ainda mora
num canto escondido,
mas as portas estão cobertas de poeira.

Já não sei o caminho exato,
nem o nome dos sonhos
que guardei nas primeiras manhãs.

Queria o riso fácil,
a confiança em promessas simples,
o colo sem perguntas.

Mas carrego agora
outras vozes,
outras esperas,
outras dores que ninguém me ensinou a nomear.

Crescer foi um espanto que ficou.
Não há retorno.

Só essa saudade muda
de um tempo em que bastava fechar os olhos
para estar inteiro.


terça-feira, 22 de abril de 2025

SOU UM MENINO



 Sou um menino...


Sou um menino, cheio de sonhos e de vida

Com um coração que pula, com uma alma que brilha

Eu corro, eu brinco, eu rio, eu vivo

E sinto o mundo ao meu redor, com todos os meus sentidos


Sou um menino, com uma imaginação sem limites

Eu crio mundos, eu crio histórias, eu crio amigos

Eu sou um aventureiro, um explorador, um descobridor

E estou sempre pronto para o próximo desafio


Sou um menino, com um sorriso no rosto

Eu sou feliz, eu sou livre, eu sou eu mesmo

Eu não tenho medo de ser diferente

E eu sei que posso ser quem eu quiser ser


Sou um menino, e isso é tudo que eu preciso

Para ser feliz, para ser eu mesmo

Eu sou um menino, e eu estou vivo

E eu vou aproveitar cada momento, cada segundo.


Essa poesia é uma reflexão sobre a infância e a liberdade de ser um menino, com uma imaginação sem limites e um coração cheio de sonhos e de vida. É um convite para que as pessoas se lembrem da alegria e da liberdade da infância.


Criada em 24 de abril de 2025