sábado, 24 de maio de 2025

QUALQUER CLUBE NA ESQUINA (Versão Geração Z)

 Qualquer Clube na Esquina 

(Versão geração Z)

Tava na correria,
caçando meus sonhos,
nem via o tempo sumir.
E mano, eu era feliz, viu? Felizão.

Aí eu parei,
larguei a pressa,
dei um rolê no olhar,
e pum: tava só.

Mas de boa,
coração tranquilo —
felicidade era minha vibe.

Hoje eu saco:
a vida passa no blink,
é viver o agora ou nada.

Então é isso:
faço o que curto,
não tô nem aí pra opinião alheia

QUALQUER CLUBE NA ESQUINA

 

Qualquer Clube na Esquina 

(Versão Moderna)

Eu corria atrás dos meus sonhos,
sem nem sentir o tempo voar.
E era bom. Era felicidade pura.

Um dia, parei.
Soltei os sonhos da mão,
olhei ao redor —
e percebi: estava só.

Mas nem liguei.
Sabia, no fundo,
que ainda era feliz.

Hoje entendo:
a vida passa rápido demais.
Cada instante importa,
cada riso conta.

Por isso, sigo meu caminho,
faço o que amo,
e deixo pra lá
o que os outros acham.

VOLTARÁS

 "Voltarás"

E então ela decide regressar
Sorri só pra te provocar
Sim, traz aquela saudade
Que te faz querer chorar

Vais buscar a tal resposta
Vais gritar pela cidade
Vais culpar a liberdade
Vais erguer nova proposta
Pra que aquela bela aposta
Não ouse mais voltar
E então, e então, e então

E então ela insiste em voltar
Sorri só pra te perdoar
Sim, traz aquela verdade
Que não podes mais negar

Vai quebrar tuas certezas
Vai deitar no teu abrigo
Vai te olhar como inimigo
Vai mostrar outras belezas
De que um homem é feito
Pra lembrar de sonhar
E então, e então, e então

E então ela resolve ficar
Sorri só pra te convidar
Só pra te contradizer
Só pra te desorientar
Só pra te confundir
Mesmo pra te enlouquecer
Mesmo pra te despertar

Só pra te confundir
Mesmo pra te enlouquecer
Mesmo pra te despertar
E então, e então, e então, e então, e então, e então, e então, e então, e então


(INSPIRADA NA LETRA DA MÚSICA "PÁSSARA", 

 DE FRANCIS HIME E CHICO BUARQUE DE HOLANDA)

SEM PLATEIA

 

Sem plateia

Tem dias em que vivo
como quem dança num quarto fechado,
sem plateia,
sem aplauso,
sem necessidade de performance.

É nesses dias
que mais sou eu.

Sem moldura,
sem ensaio,
sem a pressa de parecer.

Só o instante puro
de estar —
com minhas dúvidas,
meus passos tortos,
meus gestos leves que ninguém vê.

Porque há beleza
em sorrir sem ser notado,
em entender sem precisar falar,
em florescer
fora da estação esperada.

Viver sem plateia
é libertar o gesto da obrigação,
é fazer do cotidiano
um espetáculo secreto
de sobrevivência e amor.

E se ninguém vê,
tudo bem —
eu vejo.
E é pra mim que tenho aprendido
a apresentar o melhor de mim.

TENHO ME ENCONTRADO SORRINDO

 

Tenho me encontrado sorrindo

Sem plateia.
Sem motivo grande.
Às vezes no meio de nada,
ou de tudo.

Tenho me encontrado sorrindo
como quem reencontra um velho amigo
no espelho.

Não é euforia —
é ternura.
Como se algo em mim dissesse:
“vê? você tá indo bem,
mesmo sem saber pra onde.”

Sorrio enquanto escovo os dentes,
enquanto espero a água ferver,
enquanto o mundo passa rápido
e eu aprendo a passar mais devagar.

É um sorriso que nasce no silêncio,
nas pequenas vitórias invisíveis,
na paz de não precisar ser mais
do que sou agora.

Tenho me encontrado sorrindo —
e esse verbo,
encontrar-se,
nunca me pareceu tão bonito.

Porque no fundo,
é isso que eu andava procurando:
um lugar dentro de mim
que não me cobrasse nada,
só me recebesse.

Com riso leve.
E sem pressa.

 

NAS FRONTEIRAS DO REAL E DO SONHO

 

Nas fronteiras do real e do sonho

Habito uma linha fina —
dessas que nem o tempo toca direito.
Um lugar onde o real termina
e o sonho ainda não começou por completo.

É lá que eu existo com mais verdade.

Entre o que se pode provar
e o que só se sente.
Entre o nome das coisas
e o silêncio que as explica melhor.

Às vezes me pego conversando
com imagens que ainda não aconteceram,
como se fossem lembranças
de um futuro antigo.

Me sento à beira do que é concreto
e mergulho devagar
naquilo que escapa.

Tenho fé nesse meio-termo.
Nesse quase.
Nesse lugar onde um gesto pequeno
vale mais que mil certezas.

Nas fronteiras do real e do sonho,
eu me reinvento —
sem precisar entender tudo,
sem precisar acordar por completo.

Acordo só o suficiente
pra continuar sonhando
com os olhos abertos.

SE TIVER, EU PREFIRO

 

Se tiver, eu prefiro

 

O cheiro de café fresco coado na hora,

o vapor subindo, enchendo a cozinha.

E, se possível, um pão na chapa com manteiga derretendo.

Se tiver, eu prefiro

DOCES POESIAS: ENTÃO A AMIGA SE FOI

DOCES POESIAS: ENTÃO A AMIGA SE FOI: então a amiga se foi. embarcou em seu sonho. camarote de primeira. seguiu viagem rumo ao paradoxo. sorriu a vida com a sinceridade que se es...

COISAS QUE EU JAMAIS VI

 

Coisas que eu jamais vi

Há coisas que eu jamais vi,
mas sinto como se fossem lembrança.
Como a curva exata de uma estrela cadente,
ou o barulho do primeiro som do mundo
antes que tudo tivesse nome.

Nunca vi o fundo do mar,
mas às vezes escuto conchas
sussurrando segredos no silêncio da sala.
Nunca vi neve cair pela primeira vez,
mas carrego em mim o frio
de algo que ainda não aconteceu.

Não vi as auroras dançarem ao norte,
mas sonho com elas
como quem se deita no colo de uma cor.

Há gestos que nunca toquei,
rostos que nunca encontrei,
e mesmo assim vivem em mim
como presságios doces.

Coisas que eu jamais vi
me escrevem pelas bordas —
feito vento que não se mostra,
mas muda tudo por onde passa.

E às vezes penso:
talvez a beleza mais funda
não esteja no que se vê,
mas no que vive escondido,
esperando que alguém imagine.

SOBRE MEUS SONHOS

 Sobre meus sonhos

Falo pouco deles,
mas os levo como quem carrega
pétalas dentro do bolso.

Meus sonhos não gritam,
sussurram.
São tímidos,
mas teimosos.
Andam descalços,
com fé no chão que ainda não pisaram.

Não cabem em currículos,
nem em prazos.
Não nasceram pra serem lógicos,
nasceram pra serem fiéis
ao que vibra quando tudo se cala.

Sonho com coisas que não têm botão de desligar:
uma casa com cheiro de tarde,
um abraço que dura além do relógio,
um verso que me entende.

Às vezes, sonho sem saber,
e acordo com a alma suada,
como se tivesse dançado com a possibilidade
de um mundo mais doce.

Meus sonhos não pedem licença —
eles escrevem bilhetes à mão
e colam na porta do peito,
lembrando que ainda vale a pena.

E mesmo que riam deles,
mesmo que tentem traduzi-los em planilhas,
meus sonhos permanecem —
frios ou quentes,
mas vivos.
Muito vivos.