A Infância que Não Volta
Eu queria
voltar a ser criança,
mas não posso.
Há um
tempo que não se refaz,
um chão que não aceita os mesmos passos.
A criança
em mim ainda mora
num canto escondido,
mas as portas estão cobertas de poeira.
Já não
sei o caminho exato,
nem o nome dos sonhos
que guardei nas primeiras manhãs.
Queria o
riso fácil,
a confiança em promessas simples,
o colo sem perguntas.
Mas
carrego agora
outras vozes,
outras esperas,
outras dores que ninguém me ensinou a nomear.
Crescer
foi um espanto que ficou.
Não há retorno.
Só essa
saudade muda
de um tempo em que bastava fechar os olhos
para estar inteiro.