Odisseia Silenciosa
Morreu em mim uma odisseia, imensa e calada,
percorreu o vasto nada —
um deserto sem começo,
onde o tempo se desfaz em suspiros.
Lá, não encontrei rosto, nem eco,
apenas sombras sussurrando
segredos que nem os deuses ousaram guardar.
E ainda assim, segui.
Caminhei por entre véus de névoa,
bebi do cálice da dúvida,
e nela encontrei sabedoria —
não nos gritos, mas nos silêncios.
Retorno agora, estranho aos olhos de ontem,
com cicatrizes que ninguém verá,
trazendo nas mãos
as perguntas que o infinito me ofertou.
— Que és tu, senão vento no abismo?
— Que busca, senão espelhos que mentem?
— Que verdade, senão a que muda com os passos?
Aconselho-te: não temas a noite,
pois é nela que a alma escuta.
Não fujas do vazio — ele ensina.
E ao encontrares tua própria odisséia,
deixa que ela morra também,
para que renasça —
misteriosa,
e cheia de olhos por dentro.