sexta-feira, 2 de maio de 2025

ODISSEIA SILENCIOSA

 Odisseia Silenciosa

Morreu em mim uma odisseia, imensa e calada,
percorreu o vasto nada —
um deserto sem começo,
onde o tempo se desfaz em suspiros.

Lá, não encontrei rosto, nem eco,

apenas sombras sussurrando
segredos que nem os deuses ousaram guardar.
E ainda assim, segui.

Caminhei por entre véus de névoa,
bebi do cálice da dúvida,
e nela encontrei sabedoria —
não nos gritos, mas nos silêncios.

Retorno agora, estranho aos olhos de ontem,
com cicatrizes que ninguém verá,
trazendo nas mãos
as perguntas que o infinito me ofertou.

— Que és tu, senão vento no abismo?
— Que busca, senão espelhos que mentem?
— Que verdade, senão a que muda com os passos?

Aconselho-te: não temas a noite,
pois é nela que a alma escuta.
Não fujas do vazio — ele ensina.
E ao encontrares tua própria odisséia,

deixa que ela morra também,
para que renasça —
misteriosa,
e cheia de olhos por dentro.

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