de longe
mesmo
querendo te abraçar no final
e comemorar o teu sucesso
como quem torceu em silêncio desde o começo,
eu fico quieto.
parado no canto da plateia,
boca cheia de aplauso contido,
coração meio descompassado.
não é
inveja,
nem amargura.
é só que
eu não me sinto parte.
não da
festa,
nem da conquista,
nem do caminho até aqui.
parece que criei um enredo onde
minha cena foi cortada na edição final.
e tudo
bem.
às vezes a gente ama de fora mesmo.
de longe.
com os olhos.
com uma prece baixa.
porque
estar feliz por você
não apaga a ausência que ficou em mim.
mas acalma.
e talvez
isso seja o que restou
— e talvez
seja o suficiente por hoje.