FLAGRADOS EM SONHO
te vi sem que estivesses,
ou talvez estivesses
num plano onde os nomes flutuam
e os relógios dormem.
não havia porta nem chegada,
mas estávamos lá —
num lugar que só existe
quando os olhos fecham
com vontade de lembrar.
tu vinhas com os pés descalços
pisando as imagens
que o inconsciente costura
em silêncio macio.
e eu te reconhecia
sem saber de onde.
as mãos se tocaram
como se já soubessem o caminho,
como se o toque
fosse parte do nosso idioma antigo.
mas então
uma fresta de realidade rasgou a névoa —
e o sonho, flagrado,
tentou esconder o rastro
na dobra do travesseiro.
acordei
com tua ausência molhando meus cílios,
e o gosto do teu nome
pairando no ar,
como se o sonho
ainda não tivesse ido embora.
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