fé também falha
fé também
falha.
não é sempre chama,
às vezes vira brasa escondida
debaixo do cinza dos dias.
nem toda
fé levanta a gente.
algumas só se arrastam,
puxando o corpo junto,
feito corrente sem âncora.
fé também
esquece o caminho.
confunde sinal com ruído,
confunde voz com eco,
confunde milagre com coincidência.
às vezes,
ela desliga.
sai pra fumar.
nos deixa sozinhos
com os boletos,
com os exames,
com a mensagem não respondida.
e tudo
vira silêncio
onde antes havia mantra.
mas,
curioso —
é aí que a fé mostra outro nome:
não força,
não glória,
mas permanência.
ela
falha, sim.
mas fica.
se
arrasta
ao nosso lado,
mesmo cansada,
mesmo em dúvida,
como quem diz:
“não sou certeza,
mas sou tua.”
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